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"Perdi um amigão do peito. Meu pai era meu companheiro, uma pessoa que só fazia o bem e queria o melhor para a família." Esse foi o desabafo emocionado de Felipe Canellas Ribeiro, 23 anos, filho mais velho de Hélio Ribeiro, morto na manhã desta quarta-feira (9) ao ser confundido com um criminoso por um policial do Batalhão de Operações Especiais (Bope).

No momento em foi baleado, Hélio estava trabalhando com uma furadeira no terraço de sua casa, no Morro do Andaraí, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O instrumento foi confundido com uma arma pelo policial.

Segundo Felipe, o policial do Bope surgiu no terraço de uma casa em frente a deles, com um fuzil e a 20 metros de onde estava seu pai. "Não sei como eles foram confundir uma furadeira, com uma extensão de fio enorme, com uma arma. Pelo que percebi, não deram nem chance para que meu pai mostrasse que aquilo não era uma arma", afirmou.

Felipe estava em seu quarto quando ouviu um tiro e viu a mãe em pânico. "Os policiais gritaram para minha mãe deitar no chão senão iam disparar contra ela. Quando ela viu meu pai caído, baleado, entrou em desespero", contou.

No momento do disparo, além de Felipe e sua mãe, ainda estava em casa, no primeiro andar da residência, o outro filho do casal, de 18 anos.

UPP no Andaraí

A Secretaria de Segurança do Rio enviou uma nota sobre o episódio durante a tarde. De acordo com a nota, o Morro do Andaraí vai receber uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) ainda em 2010.

A nota explica que uma equipe do Bope, que ocupa o Morro do Borel, foi ao Morro do Andaraí checar denúncias de que bandidos da vizinhança estariam escondidos ali. Momentos antes, uma equipe do 6º BPM (Tijuca) foi recebida a tiros na localidade. Segundo a secretaria, Hélio estava em uma janela com a furadeira, e depois de baleado, foi socorrido imediatamente para o hospital, mas não resistiu ao dar entrada na unidade.

De acordo com a nota, o policial que atirou em Hélio está há dez anos na tropa de elite. Ele se apresentou à 20ª DP (Vila Isabel) como o autor do disparo e agora vai responder a processo.

"A Secretaria de Segurança lamenta profundamente a morte de um inocente durante a ação da polícia. O Morro do Andaraí é uma das áreas da Grande Tijuca que vão receber UPP este ano e a polícia vai precisar da confiança de seus moradores. Entretanto, sabemos que nada pode ser feito para trazer de volta a vida de Hélio", diz o texto.

A secretaria informou ainda que o governo do estado já acionou as secretarias competentes para oferecer assistência psicológica, cuidar do enterro e dar início ao procedimento burocrático que conceda uma pensão à família da vítima.

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