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Alunos registraram o momento em que o estudante do CEP foi imobilizado | Reprodução/Internet
Alunos registraram o momento em que o estudante do CEP foi imobilizado| Foto: Reprodução/Internet

Confusão

Os últimos meses de aula no CEP foram marcados por vários incidentes

21 de outubro – Três estudantes foram afastados das aulas depois que um vídeo que mostrava dois garotos e uma menina de 13 anos praticando sexo no banheiro da instituição circulou na internet. Uma investigação sigilosa está sendo conduzida pela Delegacia do Adolescente.

13 de novembro – A eleição do grêmio estudantil foi adiada e alunos denunciaram a interferência da direção no processo. A direção vetou o nome de alguns concorrentes, o que causou o atraso. A direção alegou que tem a obrigação de vetar os alunos com problemas pedagógicos. A eleição aconteceu no dia 20.

17 de novembro – Estudantes protestaram contra a falta de participação nas discussões sobre a adoção do ensino em blocos. Eles dizem que a mudança pode prejudicar o desempenho dos alunos no vestibular, uma vez que o sistema concentra algumas disciplinas apenas no primeiro semestre. A direção defende o sistema e diz que a decisão é exclusiva dos professores, que aprovaram a adoção em assembleia.

27 de novembro – A comemoração de um grupo de alunos, que invadiu a piscina da instituição, terminou em tumulto. Um estudante foi imobilizado no chão por dois diretores-auxiliares.

Os pais do estudante agredido por dois diretores do Colégio Estadual do Paraná (CEP) à beira da piscina da escola, na última sexta-feira, estiveram ontem no Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria), onde o garoto de 15 anos prestou depoimento. A cena, filmada pelos próprios alunos e colocada na internet, é a mais recente confusão em um ano marcado por incidentes dentro do colégio, como o episódio do vídeo de sexo feito em um banheiro e a polêmica na eleição para o grêmio estudantil.

Pais de alunos observam que há uma escalada de indisciplina no CEP, mas repudiam a violência como forma de conter esse comportamento. "Tem de haver ordem e limite, mas pelo que sabemos essa professora é hostilizada pela grande maioria dos alunos. Essa situação mostra que há algo de errado", acredita Mônica Dantas, mãe de uma aluna, referindo-se à diretora do CEP, Maria Madselva Ferreira Feiges. Ela assumiu o colégio em 2007, indicada pelo governo do estado, quando em todos as outras escolas estaduais a escolha do diretor ocorre por eleição direta.

Para a doutora em Psicologia Lídia Weber, a crítica procede. "A recorrência de episódios de rebeldia pode estar relacionada com um ambiente coercitivo. Os adolescentes buscam confrontar a ordem e a repressão só piora esse cenário", acrescenta Lídia. Para a diretora, no entanto, os casos de indisciplina não têm relação com as atitudes da direção e são devidamente tratados. "Nós não oprimimos, apenas seguimos os regulamentos do colégio", argumenta Madselva.

Piscina

O incidente da semana passada ocorreu depois que um grupo de alunos invadiu a área da piscina do colégio e pulou na água para comemorar o fim do ano letivo. Funcionários da instituição pediram que eles se retirassem, e um dos alunos foi agarrado pelos braços e imobilizado por dois diretores-auxiliares. Foi aberta uma representação criminal contra os agressores, encaminhada ao Jui­­zado Especial Criminal. "Um adolescente só pode ser tratado dessa forma pela polícia sob autorização judicial ou em flagrante de ato infracional", argumenta Elias Mattar Assad, advogado da família.

Depois de encerrada a ação criminal, os pais pretendem entrar com uma ação de indenização por danos morais. "O pior foi a humilhação. Quando fomos buscá-lo ele estava aterrorizado, achava que tinha cometido um crime, que ia ser preso", protesta o pai do garoto, Francisco Gonzaga da Silva. A diretora do CEP disse que os envolvidos só vão comentar o caso na comissão averiguatória do Núcleo Regional de Educação de Curitiba e na Justiça. No entanto, ela ressalta que os alunos que invadiram a piscina quebraram o regulamento interno do colégio, que proíbe o uso dessa instalação sem o acompanhamento de um professor. Ela afirma ainda que, por motivos de segurança, é obrigação do CEP manter os alunos longe da piscina.

Alunos ouvidos pela reportagem acreditam que o incidente comprova o que eles vêm dizendo sobre a repressão da direção contra os estudantes, e o grêmio estudantil repudiou o ocorrido. "Eles justificam que têm de garantir a segurança dos alunos. Mas não foi a piscina, e sim um funcionário que feriu o aluno", contesta a presidente do grêmio estudantil, Lizandra Rocha Souza, 17 anos.

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