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* Nome: Amauri Pinto, 48 anos.

* Profissão: Motorista de táxi.

*Fato da vida: Há cinco anos, foi assaltado duas vezes numa única noite. Decidiu não se arriscar mais e deixou de trabalhar na madrugada.

* O táxi de Amauri Pinto é premiado. Volta e meia, no banco de trás, está sentado ninguém menos do que Marcelo Almeida, diretor do Detran-PR. Não dá outra. O chofer com 38 anos de praça faz sua listinha de reivindicações para melhorar o trânsito. No momento, as críticas vão para o cruzamento da Padre Germano Mayer com a Itupava. Com a liberação dos estacionamentos na rua, aumentou o afunilamento de carros e a logística mais difícil. "O Marcelo me ouve", avisa Amauri, um bacharelado nas ruas de Curitiba. Suas maiores queixas são conhecidas: curitibanos não dão sinal de que vão virar, detesta conversões à esquerda, o final da Silva Jardim é um balaio de gato na hora do rush, transitar próximo a faculdades, à noite, é pedir para não chegar em casa. Nunca bateu, arranhou. E já viu acidentes que o fizeram tomar um copo de leite para dormir e esquecer. "Vi uns rapazes entrarem debaixo de um caminhão, na Vila Hauer". Tem dessas coisas.

Na estrada da vida

* Nome: Rogério Ghomes, 38 anos.

* Profissão: Artista plástico.

* Fato da vida: Capotou quando fazia o percurso Curitiba – Ponta Grossa. Ficou preso nas ferragens. Transformou o episódio numa série de trabalhos sobre o deslocamento.

* Em 31 de agosto de 1996, bem no dia em que fazia aniversário, Rogério Ghomes teve o pior fim de balada de sua vida. Com pressa para chegar em casa, na cidade de Ponta Grossa, e comemorar com a família, sofreu um acidente desses que, literalmente, param o trânsito. Foram 30 dias de repouso absoluto, traumatismo, seguidos de depressão e uma mudança radical de relacionamento com estradas e afins. "Fiquei mais aflito", diz Ghomes, autor de diversos trabalhos – instalações com fotografias – em que os assuntos são ora as cicatrizes que o acidente lhe deixou na pele, ora a própria paisagem das rodovias. "Passei a tratar a idéia de deslocamento", comenta, sobre as placas e palavras relativas ao trânsito, usadas no sentido de provocar. "Depois do acidente , reparo melhor o que está em volta."

Profissão perigo

* Nome: João Francisco Milan, 46 anos.

* Profissão: Empresário

* Fato da vida: Quando era caminhoneiro, ficou dois dias sem dormir e o caminhão que dirigia saiu da estrada.

* João Milan desenha uma estrada numa folha de papel, no escritório de sua gráfica, no bairro do Xaxim. São 28 funcionários para coordenar e ele quase não arruma tempo para conversar. Mas como o assunto é o tempo de caminhoneiro, dá um jeito. Afinal, foram 12 anos de boléia. Deixaram saudade. "O maior problema é a falta de noção. Muita gente corre perigos ao pegar a estrada sem experiência para calcular os efeitos da velocidade". Lembra de acidentes sofridos por amigos, muitos deles fatais. Chega mesmo a sugerir que todas as campanhas incluam mais em seus programas a rotina dos motoristas de veículos grandes. "Somos lembrados pela aventura da profissão. É bom mesmo. Mas é uma vida cheia de perigos."

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