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Maria Cristina é síndica de dois edifícios, e corre atrás de orçamentos para as reformas | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Maria Cristina é síndica de dois edifícios, e corre atrás de orçamentos para as reformas| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Obras

A dica da síndica Maria é agir logo no começo para evitar dor de cabeça

Os primeiros sinais apareceram com a umidade. Depois, foram os ferros expostos. Para evitar um problema ainda maior, Maria Cristina Baretta Moraes, síndica de um edifício comercial, decidiu agir: pediu orçamentos de qual seria o serviço executado para várias empresas. "Recebemos orçamentos muito diferentes, tanto no custo quanto sobre o tipo de obra. Aí pedimos para um perito fazer o laudo da construção", conta Maria. Com o laudo em mãos, os condôminos puderam decidir como executar as obras – eles elencaram as intervenções por ordem de urgência e estão fazendo as obras aos poucos, conforme arrecadam dinheiro. As primeiras foram para tratamento de ferro na garagem e drenagens – no poço do elevador e caixa d’água. A próxima será a reforma da casa de máquinas dos elevadores.

Soluções

E não é só no condomínio comercial que Maria Cristina busca soluções: ela também é síndica do prédio em que mora. Como o edifício é antigo – tem cerca de 60 anos – também foi contratada uma empresa para fazer o diagnóstico e agora estão na fase de contratação para obras. O custo do serviço é alto, então os condôminos fizeram um fundo de reserva antes de começarem as obras. Por enquanto, estão tratando os ferros, colunas e vigas, Em seguida, será a vez do revestimento. Apesar dos gastos, Maria Cristina não reclama. "Tem que investir primeiro na segurança de onde se trabalha e mora. Além disso, esses cuidados valorizam os imóveis."

Há quem pense que um imóvel se mantém sozinho. É verdade que casas e prédios são resistentes a (quase) toda sorte de intempéries, mas se o morador não cuidar do lugar onde mora, cedo ou tarde enfrentará problemas. O engenheiro Massayuki Mário Hara, professor da Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UTFPR), lembra que há dois tipos de sinais que podem indicar riscos – que vão desde a deterioração da construção ao longo dos anos até seu desabamento. No primeiro caso, o aparecimento de trincas e fissuras chama a atenção. Já no segundo exemplo, são as manchas de umidade que dão o primeiro alerta.

"Nem toda trinca significa risco estrutural, mas um problema estrutural geralmente apresenta trincas, fissuras e deformações, especialmente quando aparecem e continuam aumentando com o tempo", ressalta a arquiteta-engenheira Dominique Elena Giordano Gonzalez, professora do Curso Técnico em Edificações do Instituto Federal do Paraná (IFPR).

Prevenção

Antecipar esses problemas requer atenção. "As normas vigentes recomendam que pelo menos a cada cinco anos seja feita uma vistoria, para identificar qualquer tipo de anomalia e resolvê-la o quanto antes", recomenda a engenheira Fabiana Mazetto, especialista em patologias das construções e sócia da Estruktor Patologias das Construções. Segundo a engenheira, eventos externos como batidas de automóveis, vendavais, idade da construção ou mudanças na função da edificação requerem uma vistoria mais frequente.

Se o morador precisa de atenção para identificar os problemas, só um especialista pode determinar a causa ou origem desse dano ao imóvel. "Os imóveis também têm garantia, mas passado esse prazo a construtora não tem mais a responsabilidade de corrigir aquele dano e é preciso buscar alternativas no mercado", diz Adriana Casagrande, gerente da regional Curitiba do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR).

Preste atenção

Os problemas podem ser diversos, e as soluções também:

Vazamento

• A instalação de água em uma casa se divide em duas partes: entre o hidrômetro e a caixa d’água e entre a caixa d’água e os pontos de água. Para verificar danos na primeira parte, feche o registro e veja se o hidrômetro se movimenta. Se o relógio mexer, o vazamento está ali. Na segunda parte, mantenha o registro fechado e observe o nível da caixa d’água: se diminuir o nível, há problemas no encanamento;

• Cheque primeiro os pontos mais fáceis, como boias de caixa d’água e caixas sanitárias, torneiras, e depois a tubulação. Na maioria das vezes, o vazamento está no vaso sanitário;

• Preste atenção em sinais de umidade em paredes, bolhas em pintura, e pisos trincados, que podem indicar problemas no encanamento;

• Em prédios, recomenda-se atenção com a tubulação enterrada, como do hidrante, que se não estiver protegido adequadamente, tem a vida útil reduzida;

• Instalações hidráulicas antigas eram feitas de ferro galvanizado, que duram em média 30 anos. Esse tipo de encanamento pode apresentar vazamentos, causados por corrosão. Nesse caso, provavelmente será necessário quebrar as paredes para fazer a troca;

• Faça periodicamente a limpeza de caixas de gordura, tubos e caixas de passagem de esgoto e calhas e descidas de águas pluviais. Evite acúmulo de sujeira.

Instalação elétrica

• Disjuntor que cai com frequência é problema. Em muitos casos, não basta apenas trocar por um de maior capacidade, mas sim reavaliar a fiação, que pode estar subdimensionada;

• Usar muitos benjamins pode ser prejudicial. É sinal de que necessitamos de mais tomadas do que as previstas, o que significa que as fiações e quadro elétrico precisam ser trocados por outros que suportem carga maior;

• Em condomínios, realize vistoria e verificação de readequação com um engenheiro eletricista a cada cinco anos;

• Cuidado com emendas de fios. As malfeitas criam resistência elétrica, ocasionando aquecimento pontual.

Telhado

• Dependendo do local em que o imóvel está, próximo a árvores, por exemplo, é preciso uma limpeza semanal;

• Em prédios, uma vistoria mensal é indicada, pois apesar de não haver muito lixo orgânico, é comum encontrar ninhos de pássaros, que obstruem as calhas;

• Para evitar infiltração, obedeça à orientação de inclinação de cada telha;

• Para verificar se as telhas estão quebradas ou trincadas, o melhor é checar por baixo do telhado, o que facilita a visualização.

Rachaduras

• Pode não ser nada sério, mas exige monitoramento. As rachaduras podem indicar até problemas estruturais e devem ser corrigidas;

• Contrate um profissional para identificar a causa e monitorar essas trincas. Rachaduras em elementos estruturais (laje, viga pilar) são mais preocupantes. Se não estiver movimentando, pode fechar a trinca com material indicado.

Infiltrações

• As infiltrações têm diversas causas: umidade, tubulação com vazamento, impermeabilização de lajes e marquises malfeitas são as principais;

• No caso de vazamentos, cheque a tubulação;

• Problemas de impermeabilização provocam a redução da vida útil das estruturas, porque a água que passa pelo concreto armado corrói as armaduras;

• Umidade por capilaridade é o problema de mais difícil solução: procure um processo paliativo, fazendo aplicações de produtos na parede.

Outros defeitos

• Nos primeiros cinco anos, defeitos e patologias que aparecem nos prédios por falhas ou vícios de construção são, normalmente, de responsabilidade da construtora ou engenheiro responsável;

• O vizinho pode ser o responsável em casos, por exemplo, de vazamento de esgoto vindo do andar de cima.

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