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Medo e pânico marcaram a manhã de ontem no posto de fiscalização da Receita Estadual de Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba (RMC), situado na BR-116, quase na divisa entre a capital e São Paulo. Em uma confusão que se arrastou por quase cinco horas, o auditor fiscal Juarez Francisco Alves, 49 anos, que estava armado com uma pistola 380, teve uma espécie de surto e começou a atirar e a ameaçar as pessoas que estavam por perto. Para controlar a situação foi necessário o trabalho de 50 policiais e a presença de 12 viaturas da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Estadual.

A situação teve início antes de Alves começar a trabalhar, por volta das 9 horas. No pátio da Receita Estadual, sem qualquer motivo aparente, o auditor fiscal começou a fazer disparos para cima, acertou uma árvore e passou a ameaçar quem que estavam no local. Três viaturas do 17.º Batalhão da Polícia Militar chegaram por volta das 11 horas, foram recebidas a tiros e os policiais revidaram, acertando Juarez.

Instantes antes, o caminhoneiro Carlos Santos estava parado no posto de fiscalização e por pouco não foi atingido durante a troca de tiros. Quando percebeu a aproximação da polícia e a distração do auditor fiscal, Santos conseguiu tirar o caminhão do local. Mesmo assim, um tiro atingiu o baú do veículo. "Fiquei bem assustado", disse.

Mesmo ferido no braço esquerdo, o auditor fiscal só se entregou depois de três horas de negociação com a polícia. "Em nenhum momento ele fez reféns. A única exigência era que os policiais deixassem o local", disse o comandante da Rone, tenente Luís Fernando da Silva, que esteve à frente da negociação. De acordo o comandante, Alves chegou a propor que entregaria a arma após terminar o seu turno de trabalho (o que ocorreria às 9h30 de hoje). "Não poderíamos sair do local e correr o risco de que ele ferisse outras pessoas."

De acordo com o comandante da Rone, o auditor fiscal já tinha antecedentes de envolvimento neste tipo de situação. Anteriormente – não soube precisar quando – teria protagonizado uma confusão com um delegado da Polícia Civil e um oficial de Justiça. Com Alves foram apreendidos dois carregadores da pistola e um cartucho plástico com 12 munições.

Rituais

Alves é funcionário da Receita Estadual há 20 anos. Formado em Filosofia, já foi casado por duas vezes e mora sozinho no litoral do estado (o município não foi revelado pela família). De acordo com um familiar, que preferiu não se identificar, ele possui problemas psicológicos e já havia provocado situações semelhantes, mas nunca nestas proporções.

O familiar ainda revelou que o comportamento de Alves passou a ficar alterado desde que ele passou a participar dos rituais da doutrina Santo Daime, há três anos. O parente não soube precisar se antes da confusão ele havia ou não tomado o chá daimista – considerado por muitos como alucinógeno (leia mais no texto abaixo). "Ele ficava muito estranho quando tomava aquele chá", disse.

Após se entregar à polícia, o auditor fiscal foi encaminhado de ambulância ao Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, e ficou sob a observação de dois policiais militares. O médico que atendeu Alves não quis dar declarações sobre o estado de saúde do paciente. Mais tarde, o auditor fiscal foi levado no carro da família, ao lado de um policial, ao Hospital Evangélico, em Curitiba, onde seria submetido a uma cirurgia. Após receber alta ele será encaminhado à Delegacia de Campina Grande do Sul. A assessoria de imprensa da Receita Estadual disse que a instituição ainda não definiu quais medidas administrativas irá tomar contra o funcionário público.

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