• Carregando...

São Paulo – Como fazer uma campanha eleitoral sem o uso indiscriminado de caixa 2? Por desconhecerem a resposta, políticos de todos os partidos estão retardando o início da campanha de 2006. Enquanto hesitam sobre o que fazer, os candidatos adiam a contratação de marqueteiros, rejeitam doações postergam gastos mais notórios e usam artifícios para criar fatos políticos e aparecer sem evidenciar grandes despesas. Na eleição de 2002, as campanhas já estavam estruturadas em abril.

Os candidatos de 2006 temem a fiscalização dos tribunais, da imprensa e dos adversários e aguardam os primeiros movimentos do rival para demarcar os novos padrões da campanha. Mas tem-se como certo que o formato das campanhas mudará neste ano. Como a fonte secou, a prevalência da publicidade – criações mirabolantes, trucagens digitais, artifícios visuais, pontuados por intervenções de artistas famosos – deverá ser substituída por versões mais jornalísticas.

Agora, os políticos querem que as suas campanhas transcorram dentro das regras da Lei Eleitoral, sejam curtas, comecem em meados de julho e não tenham aparência magnificente. O problema é que o modelo de propaganda política brasileira – centrado na TV – reflete o padrão televisivo brasileiro que, além de excelente, custa caro. Foi esse padrão, a que está condicionado o eleitor brasileiro, que encareceu as campanhas eleitorais a partir de 1996.

O pré-candidato Geraldo Alckmin já teve mais de dez ofertas de horas de vôo em jatinho e recusou todas. Tem preferido viajar em vôo de carreira ou fazer o partido pagar pelo avião. Mas quem disputa a reeleição – como Luiz Inácio Lula da Silva – leva vantagem. O tênue limite que separa a gestão pública do palanque eleitoral permite fazer campanha simulando desempenhar função no governo.

A lei eleitoral não mudou – e ainda favorece a formação de caixa 2. O que se diz no setor é que a maioria dos políticos evitam usar caixa 2 menos por amor à lei e mais por receio de denúncias. Mas alguns começam a perder o medo. Um consultor político sondado esta semana por um candidato a governador em um importante estado nordestino respondeu-lhe que só faria sua campanha com notas fiscais. Ouviu como tréplica que não deveria se preocupar, porque o foco da fiscalização deve incidir mais sobre as campanhas presidenciais.

Os candidatos querem gastar menos, mas sabem que as campanhas devem se adequar a padrões mínimos de qualidade. "Precisamos de mais cabeça e menos boné", ironiza José Roberto Berni, que trabalhou na agência de publicidade DM-9 e hoje é autônomo, sinalizando que as campanhas exigirão mais inteligência e menos parafernália. A consultora Cila Schulman adverte: "Uma propaganda ruim pode ser associada a uma incapacidade do candidato para governar bem."

A campanha de Alckmin à Presidência deverá ser feita pela GW, produtora que costuma trabalhar para os tucanos, mas amigos de Luiz Gonzalez, diretor da produtora, revelam que até agora Alckmin não falou em contrato.

Do lado do PT, o consultor João Santana, levado para trabalhar com o presidente Lula pelos ex-ministros Antônio Palocci e Jacques Wagner, passou a se sentir desconfortável no Palácio do Planalto depois que seus padrinhos, por razões diferentes, saíram do governo. Lula usa a sua intuição para aproveitar as viagens presidenciais e emitir mensagens com cunho eleitoral. Mas não tem tido a orientação de Santana, que ainda não ouviu dele uma palavra sobre sua eventual contratação para a campanha.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]