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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Brasília – O senador Flávio Arns mantém a decisão de deixar o PT, mesmo com o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que definiu terça-feira que os mandatos conquistados em eleições majoritárias pertencem aos partidos. O paranaense espera pelo esclarecimento de detalhes da medida para agir sem correr riscos de perder o mandato. Ele cogita entrar na Justiça para provar que a troca está ligada à mudança de ideologia petista nos últimos anos.

"Muitas pessoas me perguntam sobre como eu posso estar em um partido que é a favor do aborto. Aí eu respondo: porque o PT não era a favor disso quando eu me filiei (2001) a ele", disse ontem o parlamentar. Esse é um dos argumentos que ele utiliza para justificar a mudança.

Os outros são o distanciamento dos movimentos sociais e o abandono da ética. Arns foi um dos poucos petistas que assumiu ter votado pela cassação de Renan Calheiros (PMDB-AL) no mês passado. Na época, afirmou que foi procurado por dirigentes da legenda para votar pela absolvição do colega ou abster-se.

"Tenho a convicção de que tenho explicações que fazem sentido. Além disso, estou confiante porque o Supremo Tribunal Federal já sinalizou que a troca pode ser justificada se o partido perseguir o filiado ou mudar de ideologia", declarou. Por enquanto, o senador não definiu qual será o seu destino.

O paranaense, entretanto, indica que seguirá o movimento contrário da lógica que move o troca-troca partidário no Congresso Nacional. Desde as eleições do ano passado, 46 deputados federais e 5 senadores mudaram de legenda. Ou migraram da oposição para a situação ou entre siglas da base aliada. Até agora, Arns é o único que acena com a possibilidade de ir para a oposição.

Osmar Dias (PDT) concorda com o ponto de vista do colega ao justificar o desejo de mudança. O pedetista, que é a favor da fidelidade partidária, teme que não existam maneiras de implementar a decisão do TSE. "Como é que fica no caso em que o senador tem alguém de outro partido como suplente? Se o mandato é do partido, não pode ficar com ele e não há como escolher outro dentro da mesma eleição."

O senador Alvaro Dias (PSDB) também é a favor da fidelidade. Ele considera que as últimas decisões do TSE devem mudar drasticamente o quadro político nos próximos anos. "Vai fortalecer a oposição e diminuir a barganha, já que o governo não vai poder mais simplesmente cooptar deputados e senadores."

Durante três décadas de carreira política, Alvaro passou por quatro partidos (PMDB, PSDB, PP e PDT). Na avaliação dele, a definição de que o mandato é da legenda também vai alterar as negociações para viabilizar alianças eleitorais. "Se o mandato é do partido mesmo, ninguém vai querer perder espaço nas composições. É uma nova lógica."

Senado

Ainda ontem à noite o plenário do Senado aprovou por unanimidade a proposta de emenda constitucional que impõe a fidelidade partidária. O texto afirma que o mandato pertence ao partido e não ao candidato e teria validade já nas eleições de 2008, para prefeito e vereadores, e de 2010, para presidente, governadores, deputados e senadores.

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