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O poder do crime organizado pode mudar de mãos no Rio?

O modelo de domínio territorial pelo tráfico está em decadência e a tendência atual é o protagonismo de uma lógica mais empresarial, superando apenas a venda de drogas. As milícias são uma tradução disso, controlando a venda de gás, o transporte, a energia elétrica, a tevê a cabo e até a prostituição. O crime passa a ser regido por uma nova lógica econômica, em que não cabe mais ação violenta, porque é ruim para os negócios. Os traficantes estão acuados pela emergência desses novos grupos e pelo Estado.

Como as milícias sobreviveriam às políticas de combate ao crime?

As milícias são praticamente invisíveis. Elas não ganham as páginas dos jornais com espetáculos de violência, como protagonizados pelo tráfico. A outra razão é que há uma penetração institucional acentuada e uma conivência muito grande por parte das polícias e do próprio poder público, que acham que a milícia pode ser uma espécie de solução, quando, na verdade, são uma parte maior do problema.

Diante desse cenário, que forma tende a tomar o crime organizado no Rio?

Se as milícias não forem monitoradas e combatidas desde já, elas podem dar origem a algo parecido com uma máfia, que se estrutura com a minimização do uso da força, infiltrada nas instituições e no poder político. Na Colômbia, quando o narcotráfico se tornou violento, ele começou a perder espaço. Houve a ascensão de grupos paramilitares, que hoje controlam o tráfico de drogas.

Que soluções poderiam ser adotadas?

É preciso implementar um sistema de informações bem desenhado, que acompanhe os movimentos do crime organizado e se antecipe a eles. O que se vê no Rio são reações, e não uma forma pró-ativa de lidar com a violência.

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