• Carregando...
Cerca de 3 mil homens das Forças Armadas e das Polícias Militar, Civil e Federal participaram da operação. | Sergio Moraes - Reuters
Cerca de 3 mil homens das Forças Armadas e das Polícias Militar, Civil e Federal participaram da operação.| Foto: Sergio Moraes - Reuters

Cabeças do tráfico

Conheça os principais chefes das facções cariocas:

Comando Vermelho (CV)

Márcio dos Santos Nepomu­ceno, o Marcinho VP (34 anos)

- Preso desde 1996, quando chefiava o tráfico no Complexo do Alemão. De dentro de Bangu 1, continuou ordenando crimes. Só pelo assassinato de dois traficantes, foi condenado a 36 anos de prisão. Cumpria pena no presídio de Catanduvas, mas foi transferido para a penitenciária de Porto Velho (RO) na quinta-feira.

Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco (43 anos)

- Apontado como sucessor de Marcinho VP no Alemão, foi preso em 2002 pela morte do jornalista Tim Lopes e condenado a 28 anos e meio de prisão. Também deixou Ca­tanduvas e foi para Porto Velho (RO)

Luiz Fernando da Costa, o Fer­nandinho Beira-Mar (43 anos)

- Condenado a 32 anos por formação de quadrilha e tráfico de drogas, ainda responde por outros crimes. Preso em 1996 em Belo Horizonte, fugiu do presídio um ano depois, saiu do país, foi apontado como o principal fornecedor de drogas e armas para o tráfico do Rio, e em 2001 foi preso pelo Exército colombiano. Passou por Catandu­vas e hoje cumpre pena no presídio de Campo Grande (MS).

Marcos Antônio Pereira Firmi­no da Silva, o My Thor (39 anos)

- Preso em 2000, já tinha duas condenações por chefiar o tráfico de drogas no Morro dos Prazeres. De dentro de Bangu 1, ordenou o assassinato de uma estudante de classe média. Condenado por homicídio qualificado em 2003, suas penas somam 19 anos. Também foi para Porto Velho (RO).

Isaías Costa Rodrigues, o Isaías do Borel (47 anos)

- Condenado a 46 anos e cinco meses por crimes como tráfico de drogas e homicídio qualificado, chefiava o Morro do Borel até ser preso, em 1992. Foi para Porto Velho.

Amigos dos Amigos (ADA)Edmilson Ferreira dos Santos, o Sassá (39 anos)

- Preso em 2005, era apon­tado como o sucessor de Paulo Cé­sar dos Santos, o Linho, que está de­saparecido. Está preso no presídio de Mossoró (RN), desde março.

  • Policiais apreenderam sete fuzis e sacos com drogas em quatro casas do Areal, a primeira localidade do conjunto.
  • Coordenador do AfroReggae, José Júnior, foi chamado para ser mediador entre traficantes e policiais. Ele informa, via twitter, que alguns criminosos começam a se render
  • Frame do twitter do AfroReggae

Um forte tiroteio, com balas traçantes, recomeçou por volta das 20h40 deste sábado (27) no Conjunto de Favelas do Alemão, na Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro. O clima é tenso na região. No entorno, a movimentação de carros da polícia e do Exército é grande.

Em nota divulgada neste sábado à noite, o governador do Rio, Sérgio Cabral, reafirmou o compromisso de pacificar as comunidades e disse que tropas não irão recuar.

Dez veículos blindados entraram em alta velocidade no Alemão, no fim da tarde deste sábado (27). A Estrada do Itararé, um dos acessos à comunidade, foi fechada pela Polícia Militar por volta das 18h15, de forma que somente policiais têm autorização para circular na área.Segundo o coronel Lima Castro, relações públicas da PM, o prazo para que os criminosos se entregassem terminou no fim do dia.

A entrada acontece um dia depois do cerco ao local por mais de 800 homens da polícia e do Exército. Foi para lá que mais de cem criminosos fugiram após a ocupação da Vila Cruzeiro, na quinta-feira (25).

No começo da noite, homens da PM em moto entraram em alta velocidade na favela. O clima de tensão aumentava conforme a noite se aproximava.

Ultimato aos criminosos

Neste sábado, a polícia do Rio de Janeiro, que desde sexta-feira mantém um cerco ao conjunto de favelas do Alemão, deu um ultimato aos criminosos que se refugiam no local, após uma onda de violência que deixou ao menos 46 mortos na cidade nos últimos dias.

"Nós estamos a postos para invadir o Complexo do Alemão a qualquer momento. É melhor eles se renderem agora e levantarem as armas enquanto é tempo, porque quando a gente invadir vai ser mais difícil. Estamos do lado de fora por pouco tempo," avisou o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, em entrevista coletiva.

"Não existe a menor chance de os traficantes terem êxito nessa guerra do Alemão. Os bandidos têm a chance de se entregar agora. Estamos chegando nos momentos finais para entrar no Alemão... Eles devem se entregar agora e ter o tratamento que a lei lhes garante," acrescentou o coronel, que também fez um pedido aos moradores da comunidade para não saírem às ruas em caso da invasão das forças de segurança.

A Polícia Militar informou que foi preparado um local determinado dentro da favela para que os homens se entreguem, com as armas sobre a cabeça, de forma a impedir a invasão dos policiais.

Nova troca de tiros nesta tarde

Por volta das 17 horas, trocas de tiros voltaram a acontecer na Avenida Itararé, uma das principais vias do Complexo do Alemão. Um dos disparos atingiu uma pequena confecção na margem da avenida, o que provocou incêndio no local. As chamas se espalharam rapidamente, atingindo um bar ao lado e barracos ao redor. Moradores conseguiram arrombar a porta do bar, que estava fechado, e tiraram um homem desacordado de lá de dentro. Ele tem parte do corpo queimado e desmaiou, intoxicado pela fumaça. Bombeiros acabaram de chegar ao local.

Criminosos e as tropas da brigada paraquidista do Exército trocaram tiros repetidas vezes desde a ocupação militar das entradas e saídas do Complexo do Alemão, deixando ao menos 10 feridos entre sexta-feira e sábado, incluindo um soldado, um policial e um fotógrafo da Reuters que foi levado ao hospital e passa bem. Dois supostos líderes do tráfico de drogas também foram feridos e presos, informou a polícia.

A operação em torno do Alemão foi iniciada após a fuga em massa de dezenas de homens armados para a comunidade em consequência da tomada na quinta-feira pela polícia, com ajuda de veículos blindados da Marinha e fuzileiros navais, da favela Vila Cruzeiro, outro reduto dos criminosos acusados de comandarem a onda de ataques a veículos e alvos policiais na cidade.

Ao menos 100 carros e ônibus foram incendiados por criminosos desde domingo, e ações da polícia em resposta aos ataques nas ruas deixaram pelo menos 45 suspeitos mortos em confrontos, de acordo com a polícia. Uma jovem de 14 anos também morreu, vítima de bala perdida. Mais de 70 suspeitos já foram presos pelas autoridades por envolvimento com o crime organizado.

Autoridades da área de segurança consideram as ações violentas desta semana uma resposta à nova estratégia implementada na capital com as Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs), que provocou a saída de chefes do tráfico de favelas onde esse tipo de policiamento foi instaurado. Acuado e forçado a deixar algumas áreas da cidade, o crime organizado estaria reagindo.

A implantação das UPPs em 15 das centenas de favelas espalhadas pela cidade é considerada o maior avanço na área de segurança pública da capital fluminense nos últimos anos, e a medida foi inclusive citada pelo Comitê Olímpico Internacional como um exemplo de que a cidade será segura para a Olimpíada de 2016. O Rio também será palco central da Copa do Mundo de 2014.

Mister M se entrega

Um criminoso, conhecido como Mister M, se entregou à polícia na tarde deste sábado. A informação é do delegado-adjunto Luiz Henrique Ferreira, da 6ª DP (Cidade Nova). Segundo Ferreira, Mister M seria o segurança do traficante Pezão, que é um dos chefes do tráfico no Alemão e teria contado com o apoio da mãe na negociação para se render.

Policiais da 6.ª DP foram ao Alemão buscar o preso, que já está na detido na delegacia.

Mister M é acusado de ser um dos executores do ex-chefe do Alemão, Tota. A ordem teria partido do traficante Marcinho VP.

Mister M foi convencido a se entregar pela mãe

Presos dois traficantes que tentavam fugir da Vila Cruzeiro. Eles seriam o segundo e o terceiro no comando do tráfico na favela

Diretor de ONG Afroreggae é chamado para mediar conflito

Os traficantes cercados no Complexo do Alemão enviaram mensagens ao mediador de conflitos e coordenador do Afroreggae, José Júnior, para iniciar algum tipo de conversação antes da invasão da polícia. José Júnior foi pela manhã ao Complexo do Alemão disposto a negociar uma rendição com os traficantes para evitar o elevado número de mortes que se espera em um eventual combate.

Pelo Twitter José Júnior colocou algumas informações sobre como está a situação no Alemão. Durante a tarde ele tuitou que alguns traficantes começavam a se entregar. Acompanhe:http://twitter.com/#!/JJAfroReggae

Desde 1993, ele criou a ONG que atua na área social cultural em favelas, abrigando e empregando ex-traficantes dispostos a abandonar o crime. Os mediadores atuam para evitar confrontos que prejudiquem a vida de moradores das comunidades.

Chacina

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados divulgou nota oficial alertando para o riscos de que as operações policiais de combate ao crime organizado no Rio de Janeiro repitam o episódio da "Chacina do Alemão", a megaoperação ocorrida em 2007 que mobilizou 1,3 mil policiais e resultou na morte de cerca 20 pessoas em um único dia.

"Foram feitas atrocidades para nada. O tráfico aumentou lá", aponta o deputado Chico Alencar (P-SOL-RJ) membro da CDHM.Observação semelhante fez o diretor de Defesa de Direitos Humanos, Fernando Matos, da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), que está no Rio. "Há consciência [por parte das autoridades] de que se houver derramamento de sangue o impacto vai ser tão ruim quanto as imagens de traficantes tomando conta das comunidades."

Veja no mapa a localização das favelas Vila Cruzeiro e Morro do Alemão

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]