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As ações de combate ao trabalho infantil nas lavouras de fumo ganharam força com a instalação do Fórum Permanente da Cultura do Tabaco no Paraná. A criação oficial da entidade ocorreu ontem no encerramento do Fórum para a Diversificação das Propriedades que Cultivam Tabaco, no câmpus da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), em Irati. O Fórum Permanente irá centralizar as políticas públicas para combater a presença de crianças e adolescentes nas plantações de fumo.

Em maio deste ano, a Gazeta do Povo e a RPC TV publicaram reportagens denunciando o uso de mão-de-obra infantil na produção do tabaco. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2000, quatro mil crianças entre 10 e 17 anos trabalham no cultivo de fumo no estado. O Ministério Público do Trabalho move cinco ações judiciais contra indústrias fumageiras. Entre as irregularidades elencadas nas ações está o trabalho infantil.

De acordo com a procuradora regional do Trabalho, Margarete Matos, que participou do Fórum em Irati, o uso de mão-de-obra infantil precisa ser banido. O simples manuseio das folhas de fumo pelas crianças causa danos irreversíveis à saúde. "Temos conhecimento que ele afeta o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças", acrescenta. As crianças trabalham principalmente no processo de classificação do fumo. Os maços das folhas de tabaco são chamados de boneca. "É uma tentativa de atrair as crianças de uma forma lúdica", critica a procuradora.

A representante da Secretaria de Estado da Criança e da Juventude no Fórum Permanente criado ontem, Regina Bley, adianta que em outubro será realizado encontro com os gestores municipais para sensibilizá-los para a adoção de medidas de controle do trabalho infantil. Ela reforça que a partir da constituição do Fórum será possível conhecer a realidade do trabalho infantil nas culturas de fumo, concentradas na região centro-sul do Estado.

Diversificação

Segundo o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), dos 30 mil agricultores familiares da região, 15 mil são fumicultores. O Fórum para a Diversificação realizado quarta-feira e ontem em Irati discutiu a possibilidade de os fumicultores procurarem alternativas de produção, como a plantação de alimentos orgânicos.

O presidente do Sindicato da Indústria do Fumo (Sindifumo), Irio Schünke, afirmou que também é favorável à diversificação para a geração de renda. "Diversificar não é substituir", completa. Ele frisou que as fumageiras são contra o trabalho infantil, mas não "têm poder de polícia" para evitar que os pais empreguem os filhos nas lavouras.

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