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Fiscalização na aduana: das 150 unidades da Polícia Rodoviária Federal existentes no país, a de Foz tem sido a mais eficiente na recuperação de carros roubados | Marcos Labanca/Gazeta do Povo
Fiscalização na aduana: das 150 unidades da Polícia Rodoviária Federal existentes no país, a de Foz tem sido a mais eficiente na recuperação de carros roubados| Foto: Marcos Labanca/Gazeta do Povo

Vítimas pagam "resgates"

Seis dias depois de ter o carro furtado no centro de Foz do Iguaçu, o cobrador de ônibus Lino Gonçalves, 51 anos, conseguiu recuperar o veículo, um Gol ano 98, em Ciudad Del Este, Paraguai, na fronteira com o Brasil. Mas para isso precisou pagar 8 milhões de guaranis – moeda paraguaia – ou seja, R$ 3.250,00, aos receptadores; ou, como ele mesmo diz, ‘comprar o mesmo carro de novo’.

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Argentina é rota alternativa

Com o aperto da fiscalização na Ponte da Amizade, que liga Foz do Iguaçu a Ciudad Del Este, a fronteira com a Argentina começa a surgir como rota alternativa para ladrões levarem o carro ao Paraguai. Nos últimos quatro meses, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) identificou quatro carros com queixa de furto e roubo tentando cruzar a Ponte Tancredo Neves, que liga Brasil e Argentina.

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  • Veja que a recuperação de veículos pela PRF aumentou em Foz nos últimos anos

Foz do Iguaçu - A prisão de Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, acusado de matar o cartunista Glauco Villas Boas e seu filho, Raoni, na semana passada, chamou a atenção do país para um sistema que tem se tornado mais eficiente: a fiscalização da saída de carros roubados na fronteira do Brasil com o Paraguai. Nos últimos anos, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) tem apertado o cerco aos ladrões de veículos em Foz do Iguaçu. A delegacia do Oeste paranaense, que já é a que mais apreende carros furtados e roubados entre todas as 150 unidades da PRF no país, tem elevado seus números ano após ano.

No caso de Nunes, a polícia não sabia que se tratava do suspeito de um assassinato. Apenas havia recebido o aviso do furto de um veículo. Parou o carro e, depois de um tiroteio, conseguiu prender o homem. Só no ano passado, outros 204 carros foram apreendidos na fronteira. Mas ainda é pouco para diminuir significativamente o problema: no mesmo ano, a polícia brasileira registrou o furto e roubo de 391.530 veículos no país.

No Paraná, só em 2008, foram furtados e roubados 17.775 veículos, segundo dados da Secretaria de Estado e Segurança Pública. Desse total, a polícia conseguiu recuperar apenas 8.703, ou seja, pouco mais de 50%.

Rota

A localização na fronteira com o Paraguai, onde há um mercado negro de carros, faz de Foz do Iguaçu uma rota de escoamento de veículos furtados em todo Brasil, o que explica em parte o índice mais alto de veículos recuperados. No entanto, a experiência dos agentes da PRF na fronteira também contribuiu para que os carros sejam interceptados. "Os policiais sabem que são o último recurso na linha de fronteira. Eles têm se especializado e desenvolvido um feeling para esse tipo de situação. Há inclusive casos de vítimas que tiveram o carro recuperado mesmo sem saber do furto", diz o inspetor chefe da PRF em Foz, Ricardo Schneider.

Conforme dados da PRF, neste ano os números continuam em alta. A recuperação de veículos já é maior em relação ao mesmo período do ano passado. Até o dia 21 de março, os policiais conseguiram apreender 57 veículos, uma quantia 24% maior da registrada no mesmo período de 2009, que era de 46.

Segundo Scheneider, apesar de a recuperação na fronteira ser alta, a maioria da frota roubada e furtada permanece no próprio território brasileiro e não chega a sair do país porque são levados a desmanches.

Dos carros, motos e caminhões recuperados na região de Foz do Iguaçu, a maior parte é barrada na Ponte da Amizade, onde a corporação mantém um posto. Para a polícia, o trabalho na fronteira é intenso devido ao expressivo número de veículos que circula ao dia nos postos policiais da PRF. Na Ponte da Amizade passaram no mês de fevereiro 179.779 veículos no sentido Paraguai. Em Santa Terezinha, na BR-277, foram 627.258 automóveis e motos.

Em Foz do Iguaçu, os carros levados pelos ladrões são, na maior parte dos casos, antigos e sem dispositivo de segurança, como alarme e travas. Os furtos geralmente acontecem em frente de cinemas, faculdades ou igrejas, porque os ladrões sabem que as vítimas não sairão logo do local. As quadrilhas também usam paraguaios, principalmente aqueles com menos de 18 anos, para fazer o trajeto entre Foz do Iguaçu e Ciudad Del Este. Já os veículos vindos de outras cidades brasileiras têm outra característica. São automóveis de maior valor, incluindo caminhonetes, procurados pelos ladrões para serem trocadas por droga no país vizinho.

Seguradoras

As ações na fronteira não se limitam à PRF. A Polícia Civil e a Polícia Militar também recuperam veículos. E, apesar do bom desempenho da polícia, em Foz do Iguaçu ainda são as próprias vítimas e as suas seguradoras que mais recuperam os veículos. Segundo o escrivão chefe da Polícia Civil, Marcos Aurélio Lopez, dos cerca de 10 carros devolvidos ao dia na delegacia de Foz, pelo menos sete são recuperados pelas próprias vítimas ou pelas seguradoras. Segundo Lopez, as seguradoras têm advogados e informantes no Para­­guai, o que facilita a localização dos veículos.

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