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Veja os 10 municípios com maior IHA |
Veja os 10 municípios com maior IHA| Foto:

Vítima

Aos 16 anos, jovem perde a vida de forma bárbara

A dona de casa Janete Aparecida Jesus, 37 anos, jamais vai esquecer o dia 16 de agosto. Foi nesta data que seu filho, Jonathan de Jesus Domingues, 16 anos, foi morto da forma mais bárbara possível: a pedradas. A polícia encontrou o corpo do jovem na Vila C, bairro criado para abrigar barrageiros de Itaipu, onde a família morava. "Ele preferia os amigos, vivia na casa deles", diz ela, que vivia insatisfeita com o círculo de amizades do rapaz.

A mãe conta que Jonathan parou de estudar na 5ª série, mas procurava emprego porque sonhava em ter uma moto. Mas, segundo ela, o adolescente se distanciava cada vez mais da família. E foi uma briga envolvendo amigos, possivelmente causada por ciúmes de uma mulher, que acabou com a vida de Jonathan. O rapaz agonizou por cerca de 15 horas após ser atingido pelas pedradas dos assassinos. "A gente pedia para se afastar dessas pessoas, mas ele não ouvia. Agora vou passar o Natal mais triste da minha vida", diz. A polícia prendeu dois adultos envolvidos no crime, que também teve participação de uma adolescente grávida. (DP)

Recife lidera ranking de mortes juvenis entre capitais

Recife foi a capital com o maior índice de homicídios de jovens (7,33) a cada grupo de mil adolescente na faixa de 12 a 19 anos, de acordo com a pesquisa do Pro­grama de Redução da Violência Letal contra Ado­lescentes e Jovens. Já entre as metrópoles do Sul do país, Curitiba é a que registrou o maior índice. O levantamento mostra que a capital paranaense registrou 4,16 mortes. As outras capitais da Região Sul, Porto Alegre e Florianópolis, tiveram, respectivamente, índices de 3,66 e 3,62.

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  • Janete mostra a foto do filho assassinado em agosto: risco de um jovem morrer de forma violenta em Foz é o maior do país

Foz do Iguaçu, mais uma vez, aparece no topo do ranking de mortes juvenis no Brasil. É o que revelou o Índice de Homicídios na Ado­lescência (IHA), do Programa de Redução da Violência Letal contra Adolescentes e Jovens (PRVL), divulgado ontem pela Secretaria Especial de Direitos Humanos.Com base em dados de 2007, o estudo concluiu que 11,7 jovens a cada grupo de mil adolescentes foram assassinados em Foz antes de completar 18 anos. Um índice quatro vezes maior que a média nacional, que foi de 2,67 (em 2005, o índice era 2,51). Entre as regiões do país, a situação do Nordeste é a mais preocupante, sobretudo nos centros metropolitanas de Recife e Maceió. Nos estados nordestinos, o índice cresceu 32,6% entre 2005 e 2007.Os dados foram calculados pelo Laboratório de Análise da Violên­cia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com base no Datasus, do Ministério da Saúde, e da população das cidades, fornecida pelo IBGE, em cidades com mais de 100 mil habitantes. Também participaram do trabalho o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a organização não governamental Observatório de Favelas.

O levantamento faz ainda uma projeção de assassinatos juvenis até 2013, caso a situação não se reverta nos municípios. Se nada for feito, 526 adolescentes serão assassinados em Foz do Iguaçu até 2013. Em todo o Brasil, a estimativa é de que morrerão 33 mil adolescentes.

A coordenadora do PRVL, Raquel Willadino, diz que o estudo apontou outros dados preocupantes. O risco de um adolescente do sexo masculino morrer no Brasil é 12 vezes maior em relação ao sexo feminino. Além disso, um adolescente negro tem quatro vezes mais chances de ser assassinado no país do que um branco e os crimes com arma de fogo são seis vezes mais frequentes do que os cometidos com outras armas.

Para evitar a escalada das mortes juvenis no país, segundo Raquel, é preciso criar políticas públicas para os setores mais pobres da sociedade, melhorar a qualidade do ensino para atrair os jovens às escolas e estabelecer um maior controle de armas no país. Outro ponto importante é propor ações voltadas aos rapazes negros, que são a maior parte das vítimas. Segundo a pesquisadora, o estudo foi feito para instigar a sociedade a apresentar soluções. "Nossa ideia foi criar uma nova forma para lançar os dados que sirva como agente sensibilizador e de mobilização social", diz.

Estatísticas

Para Marcos Araguari, delegado de Homicídios em Foz, o quadro de assassinatos na cidade já começou a mudar. Estatísticas recentes indicam que o número de mortes na cidade, em todas as faixas etárias, está em queda. Em 2006 foram assassinadas 328 pessoas em Foz. O número, em decréscimo desde aquele ano, foi de 191 em 2009 e neste ano está em 174. Apesar da redução global, a porcentagem de mortes na faixa etária juvenil se mantém. Entre abril e dezembro de 2009, o número de jovens assassinados entre 12 e 17 representou 11,5% do total de homicídios em todas as faixas etárias. Entre janeiro a outubro deste ano, o total foi de 13%.

Araguari diz que apesar desse quadro ser preocupante, na cidade morrem mais adultos com mais de 25 anos do que adolescentes. Até outubro de 2010, a quantidade de adultos mortos nessa faixa etária representou 47,5%. Para o delegado, o fator que mais predispõe a ocorrência de mortes juvenis na cidade é o social. "Há uma mão de obra acostumada a trabalhar com atividades ilícitas. As pessoas não consideram contrabando crime e quem se envolve com isso acaba no tráfico." Escalada que acaba levando os jovens à morte por causa de brigas e acertos de contas, diz Araguari. Para o delegado, não há outra saída para reduzir o número de vidas perdidas para a violência senão investir mais no policiamento ostensivo e no trabalho investigativo.

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