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Rua Deputado Waldemiro Pedroso, no Capão Raso: buracos em toda a parte | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Rua Deputado Waldemiro Pedroso, no Capão Raso: buracos em toda a parte| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Quem paga a conta da conservação é o contribuinte

Para o engenheiro e professor Djalma Martins Pereira, do Departamento de Transportes da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a malha remanescente de antipó produz uma carga injusta para o contribuinte. "O pavimento se deteriora continuamente, exigindo reparos", diz. "É um dilema para o administrador: é preciso restringir a malha de antipó, mas isso demanda recursos. A troca por pavimento mais robusto é feita gradativamente."

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Disseminado a partir dos anos 70 como uma alternativa econômica para a pavimentação de ruas em Curitiba, o chamado antipó reveste atualmente mais de 50% da malha viária da capital. Com o aumento da circulação de veículos na cidade, o que era solução virou problema. Dimensionado para vias de baixo tráfego, o tratamento superficial betuminoso (TBS) – nome técnico desse tipo de pavimento – sofre as conseqüências do fluxo de veículos pesados e das intempéries.

Os buracos e deformações são inevitáveis. Em alguns casos, o antipó perde até sua função original, pois os carros que passam sobre as crateras chegam a levantar grande quantidade de poeira, causando transtornos aos moradores. Os buracos também causam desconforto aos motoristas e passageiros, ameaçam a integridade dos veículos e elevam o risco de acidentes.

Nos últimos anos, a própria prefeitura abandonou a pavimentação de novas ruas com antipó. "Não tem mais sustentação: é um pavimento barato, mas dá muita manutenção", admite o secretário municipal de Obras, Mário Yoshio Tookuni, confirmando a velha máxima de que o barato muitas vezes acaba saindo mais caro.

Nas novas obras de pavimentação em Curitiba, são utilizados materiais mais resistentes, como o asfalto definitivo e o concreto. No caso do asfalto, a composição da base e a espessura do pavimento podem variar de acordo com o tipo de solo e o volume de tráfego a ser suportado.

O concreto é o mais caro de todos, mas também é o mais resistente: sua durabilidade chega a 20 anos. De acordo com dados fornecidos pela prefeitura, seu custo médio por quilômetro chega a R$ 1,3 milhão. O asfalto tradicional custa em média um pouco menos, R$ 1 milhão por quilômetro, e dura apenas dez anos. Cada quilômetro de antipó, por sua vez, tem um custo médio de R$ 500 mil, para uma durabilidade bem menor.

Novas obras

A prefeitura informou que só neste ano 260 quilômetros de ruas receberam pavimento definitivo. O prefeito Beto Richa autorizou na última semana a pavimentação e drenagem de mais 146 ruas, totalizando 24 quilômetros.

No início do mês, foi inaugurada mais uma usina de asfalto do município, triplicando a capacidade de produção e reduzindo o custo de produção em 30%. A nova unidade permite pavimentar 22 quilômetros de ruas por mês e recuperar 30 quilômetros por dia. Localizada no Abranches (zona norte), a usina recém-inaugurada tem capacidade para produzir 140 toneladas de asfalto por hora, que se somam às 60 toneladas por hora produzidas na unidade da Cidade Industrial (zona sul).

Mensalmente, a prefeitura de Curitiba gasta com a manutenção do sistema viário R$ 1.400 por quilômetro. Não estão disponíveis os dados discriminados de gastos com a conservação de cada tipo específico de pavimento, mas é lícito supor que o antipó, cobrindo mais da metade das vias da capital e exigindo reparos constantes, seja responsável pela maior parte da despesa.

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