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Investigadores da Polícia Civil lacraram ontem 17 lojas da VC Consultoria no país, cinco delas em Curitiba | Chuniti Kawamura/SECS
Investigadores da Polícia Civil lacraram ontem 17 lojas da VC Consultoria no país, cinco delas em Curitiba| Foto: Chuniti Kawamura/SECS

Métodos

Os golpes da VC Consultoria eram aplicados de três formas diferentes:

- Em alguns casos, o interessado telefonava para a empresa pedindo informações sobre empréstimo. Mesmo sem autorização, o contrato era efetuado. "Quando a pessoa percebia os descontos, eles persuadiam o cliente a ficar com o dinheiro, alegando que a devolução do valor iria demorar. Com isso, a empresa recebia a comissão do empréstimo", explica o delegado Itiro Hashitani, do Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos.

- A empresa também fazia com que os clientes assinassem várias cópias de contrato em branco usadas mais tarde em outros empréstimos sem o conhecimento do cliente.

- Sem que a vítima soubesse, empréstimos eram feitos com valores baixos descontados do benefício (R$ 9). Assim, além de receber o valor da comissão, a empresa se apropriava dos valores dos empréstimos.

A empresa VC Consultoria, com filiais no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, foi fechada ontem du­­rante a Operação Consignado, da Polícia Civil. Seis pessoas ligadas ao grupo foram presas sob a suspeita de fraudar empréstimos de aposentados e pensionistas do Ins­ti­­tu­­to Nacional do Seguro Social (INSS). A estimativa é de que o golpe tenha causado prejuízo de R$ 10 milhões.Diante da apreensão de 15 mil contratos em branco assinados, a polícia estima que o número de vítimas no Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro possa superar essa marca, já que muitas talvez nem saibam que foram enganadas. Con­­forme as investigações, a empresa usava várias estratégias para subtrair valores de benefícios do INSS destinados a aposentados e pensionistas. Descontos eram aumentados ou feitos sem o consentimento das vítimas.

Três aposentados que não quiseram se identificar contaram à Gazeta do Povo que contrataram empréstimos consignados com a VC e estão tendo dificuldades para cancelar o acordo. Eles relatam que os valores descontados dos be­­nefícios do INSS são superiores aos que haviam sido solicitados.

Investigações

Segundo o Ministério Público do Paraná (MP), práticas comerciais abusivas envolvendo empréstimos consignados feitos na VC Consultoria eram investigadas desde o início de 2011. Denún­cias le­­vantaram a suspeita de que a empresa cometia crimes de estelionato, propaganda enga­­nosa e coação na contratação de empréstimos não solicitados por aposentados, pensionistas e idosos.

Com isso, o MP solicitou que a Delegacia de Crimes Contra a Economia e Proteção ao Consu­­mi­­dor (Delcon) instaurasse um inquérito policial. O delegado Jairo Esto­rilio conta que, desde então, a Del­con já recebeu cerca de 100 denúncias contra a VC. O advogado Hei­­tor Fabreti Aman­te, que representa a empresa de consultoria, afirmou ontem que não poderia comentar o caso por não ter tido acesso ao teor das denúncias.

Além da apreensão dos 15 mil contratos, sete veículos de luxo foram retidos durante o cumprimento de 41 mandados de prisão e de busca e apreensão. Entre os detidos está Neviton Pretti Caetano, 59 anos, apontado como dono da empresa. Ele foi detido em balneário Camboriú (SC), assim como sua mulher, Shirlei dos Santos Ramos, e o motorista Arnaldo Weber Junior. Em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, foram presos Letícia Justimiano dos Santos, apontada como laranja da quadrilha, e Alexandre Rafael Nascimento Santana, gerente da empresa. Em Curitiba, foi presa Neide Fernandes, identificada como gerente da empresa e braço direito de Caetano. Todos os presos foram trazidos para Curitiba.

Ao todo, 17 lojas da VC foram fechadas ontem, sendo três em Santa Catarina, uma no Rio de Janeiro e 13 no Paraná – cinco em Curitiba e filiais em Maringá, Cascavel, Londrina, Francisco Beltrão, Telêmaco Borba, Foz do Iguaçu, Ponta Grossa e Paranaguá.

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