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Belo Horizonte – A Polícia Federal (PF) acredita que poderá identificar outros esquemas de adulteração de leite longa-vida com base no resultado das análises das amostras que começaram a ser recolhidas em todo país. A Operação Ouro Branco, da PF e do Ministério Público Federal (MPF), desarticulou segunda-feira uma quadrilha que atuava em Minas Gerais utilizando substâncias químicas impróprias para o consumo humano, com o objetivo de aumentar a longevidade do produto.

Conforme as investigações, as cooperativas dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande (Coopervale), em Uberaba, e Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil), em Passos, são suspeitas de acrescentar no leite substâncias como soda cáustica (hidróxido de sódio), água oxigenada (peróxido de hidrogênio), citrato de sódio e ácido cítrico.

A PF iniciou o recolhimento de amostras para análises no Ministério da Agricultura. De acordo com o delegado Ricardo Ruiz Silva, há indícios de que as fraudes estejam sendo cometidas em outros estados. A PF já recebeu informações de funcionários de outras cooperativas no país sobre supostos esquemas de adulteração. As amostras de leite recolhidas serão analisadas pelo Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), mas não há prazo para a apresentação dos laudos.

Das 27 pessoas presas temporariamente durante a operação, 14 foram liberadas ontem. A maior parte dos suspeitos soltos seria de funcionários que contribuíram com as investigações. Conforme informações da PF e do MPF, seis pessoas permaneciam presas em Uberaba (quatro dirigentes da Coopervale, um fiscal do Serviço de Inspeção Federal e um químico responsável pela fórmula adulterada) e sete em Passos.

As cooperativas mineiras, de acordo com as investigações, diluíam as substâncias em água numa proporção de 10% do total. A produção diária da Casmil e da Coopervale chegava a 400 mil litros.

Apreensão

O Ministério Público Estadual (MPE) informou que a Promotoria de Defesa do Consumidor em Uberaba determinou a apreensão das embalagens de longa-vida das marcas Centenário, Calu e Parmalat nos supermercados da cidade e o produto começou a ser recolhido na noite de segunda-feira. A Promotoria de Passos, porém, decidiu não adotar a mesma medida.

"Aqui não tem leite longa-vida, aqui tem saquinho. Aí não houve necessidade de determinar a apreensão", disse o promotor Cris-tiano Cassiolato.

Mas a notícia da adulteração no leite com substâncias químicas gerou apreensão entre populares e autoridades no Sul de Minas. Ontem, o prefeito de Pouso Alegre, Geraldo Cunha Filho (DEM), suspendeu o fornecimento de leite a escolas e creches da cidade. O produto era adquirido da Casmil desde o início de agosto.

A prefeitura informou que o leite pasteurizado era consumido na merenda escolar da rede municipal e nas secretarias, num total de 688 litros por dia. Outra produtora de leite da região foi contratada para fazer o abastecimento. O departamento jurídico da prefeitura estuda a quebra do contrato com a Casmil.

A Vigilância Sanitária Estadual disse que só tomará providências em caso de solicitação da PF.

A interdição e a apreensão dos estoques de leite nas cooperativas também gerou apreensão entre os produtores rurais. O MPF e o MPF decidiram solicitar a nomeação de interventores nas cooperativas para evitar prejuízos mais significativos na cadeia produtiva.

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