O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou nesta quarta-feira (16) que a operação anunciada pela Polícia Federal para identificar fraudes em concursos públicos pode levar o governo a revisar as regras para a realização dos processos seletivos. "Não podemos ter concursos públicos vulneráveis, sujeitos a fraudes. A Polícia Federal tem que prender (os fraudadores) e nós temos que tomar medidas para que isso não ocorra mais", disse o ministro.
Segundo ele, o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, telefonou para ele para relatar a conclusão das investigações. Ele disse que hoje no Brasil cerca de cinco milhões de pessoas estudam para concurso público, por isso, afirmou, tem que ter lisura e transparência no processo. "Eles estão mostrando que tem falhas e nós temos que tomar providências", reiterou.
O ministro disse que a Polícia Federal apurou que havia fraude não só na realização das provas dos concursos, mas também durante o curso de formação. Bernardo disse que alguns servidores identificados na operação serão demitidos. Segundo informações passadas ao ministro pela Polícia Federal, seis serão demitidos imediatamente e será solicitada a demissão de outros que tomaram posse amparados por liminar.
O ministro defendeu que a Justiça também reveja o processo de concessão de liminares.
Bernardo contou que, segundo relato do diretor da PF, algumas das pessoas aprovadas fraudando as provas já estavam pedindo para trabalhar em áreas estratégicas do governo. "A pessoa não quer só entrar. Ainda quer fazer maracutaia", disse.
Esquema
A quadrilha desmantelada hoje pela Operação Tormenta tinha ramificação nacional e atuava há pelo menos 16 anos, fraudando, de forma sistêmica, os concursos públicos mais cobiçados do país. Entre os órgãos cobiçados estavam a Receita Federal e Polícia Federal, cujos salários chegam a R$ 20 mil mensais. Dependendo do nível salarial do concurso, o valor da prova variava de 50 a 150 mil dólares.
Hoje pela manhã, segundo o diretor da Diretoria de Inteligência da PF, Marcos David Sallem, e o delegado Victor Hugo Rodrigues Alves, chefe da Operação, a PF prendeu os 12 principais operadores da quadrilha, todos de São Paulo, entre os quais o chefe do esquema, um empresário, dono de uma universidade na capital. Outro preso é um policial da Polícia Rodoviária Federal. Os nomes não foram divulgados, por ordem judicial. Todos foram levados para a Delegacia da PF em Santos, onde estão sendo ouvidos. Estão sendo cumpridos também 34 mandados de busca e apreensão.
O primeiro concurso que a PF tem notícia de atuação da quadrilha foi da Receita Federal, realizado em 1994. Um total de 41 pessoas obtiveram o gabarito da prova. Entre estes estavam a mulher, o filho e a nora do chefe da quadrilha.
Além dos concursos em que foram comprovadas as fraudes, dois outros (Abin e Anac) também serão investigados pela PF porque foram encontrados indícios de irregularidades praticadas pela quadrilha.
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