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A família de Rafael e Gislaine foi contaminada no ano passado e passou a tomar cuidados neste ano | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
A família de Rafael e Gislaine foi contaminada no ano passado e passou a tomar cuidados neste ano| Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo

A doença

A conjuntivite é caracterizada por uma inflamação da conjuntiva, membrana que reveste parte do globo ocular e o interior das pálpebras. A doença tem três tipos principais, que têm basicamente os mesmos sintomas, mas acontecem em épocas diferentes do ano:

Viral: causada por um vírus, tem casos registrados durante todo o ano, mas aparece principalmente no inverno. Altamente transmissível, passa de uma pessoa para outra com facilidade, mesmo sem contato físico. Basta permanecer em um local fechado com uma pessoa contaminada ou usar as mesmas toalhas que ela para pegar a doença. A recuperação é demorada e o paciente leva de dez dias a três meses para se livrar completamente da doença.

Bacteriana: mais comum no verão, é causada por bactérias. Geralmente, é transmitida a partir do contato físico ou pelo contato com a água contaminada de piscinas. A pessoa leva de três a quinze dias para se recuperar.

Alérgica: causada por uma alergia a algum elemento, como perfume, maquiagem ou produtos químicos, não é transmissível e pode acontecer durante o ano todo. No inverno, aparece mais em pessoas que têm doenças como rinite e asma. No verão, o problema está associado à rinite e, na primavera, aumentam os casos decorrentes de alergia a pólen.

Dicas

Alguns cuidados fazem diferença na recuperação:

- Esquentar a região dos olhos tende a piorar o problema. Evite compressas quentes.

- Não use água mineral ou filtrada para as compressas ou para a limpeza dos olhos, já que elas têm uma série de componentes – inclusive bactérias. Também evite água boricada para limpar a região. Prefira água fervida gelada.

- Use algodão ou gaze para as compressas e tome cuidado com a higiene. Os materiais devem estar limpos e ser descartados após o uso.

Entre fevereiro e abril deste ano, surtos de conjuntivite foram registrados em algumas cidades de São Paulo. No começo deste mês, a Secretaria da Saúde do Distrito Federal chamou a atenção para a dificuldade em conter o problema ao decretar um surto da doença devido ao grande número de casos registrados. No Paraná, a situação parece bem menos preocupante. Mas, segundo especialistas, é comum haver um aumento no número de casos nesta época do ano. Por isso a população deve intensificar os cuidados durante o inverno.

"Por enquanto, os atendimentos de conjuntivite seguem em ritmo normal, com um crescimento pequeno já esperado. Com os dias cada vez mais frios, provavelmente vamos ter um aumento considerável, mas, em princípio, nada que saia do esperado", comenta Francisco Grupenmacher, médico oftalmologista e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Segundo ele, em Curitiba é difícil prever a possibilidade de um surto da doença, mas investir na prevenção é a forma mais fácil de evitar problemas. "Atualmente, não há uma época em que ocorrem mais casos de conjuntivite e as pessoas estão suscetíveis durante todo o ano", diz a médica Luciane Moreira, oftalmologista do Hospital de Olhos do Paraná.

Ela explica que a diferença está no tipo de conjuntivite que mais aparece nesta época. "No inverno, a viral é a mais frequente e a preocupação é que a doença é transmitida com grande facilidade, então se uma pessoa apresenta os sintomas, todos que ficam próximos podem se contaminar."

Para quem quer fugir do problema, as formas de prevenção são bem parecidas com as da gripe. O ideal, principalmente no inverno, é evitar ambientes fechados, não manter contato com pessoas contaminadas, lavar as mãos regularmente ao longo do dia, trocar as toalhas e roupas de cama regularmente, não compartilhá-las com outras pessoas e reforçar o uso álcool gel para higienizar as mãos e objetos de uso comum, como telefone, computador e brinquedos.

Sintomas

Os sintomas mais comuns da conjuntivite são lacrimejamento, olhos vermelhos, visão embaçada, fotofobia (sensibilidade excessiva à luz), coceira, ardência e presença de secreção nos olhos. Nos casos virais, alguns pacientes apresentam febre, dor de ouvido ou dor de garganta, mas vale um alerta: nenhum tipo de conjuntivite causa dor nos olhos. "Se a pessoa sente dor ou tem baixa acentuada na visão, deve procurar imediatamente um oftalmologista, porque a inflamação pode estar escondendo algum problema muito mais grave", comenta Grupenmacher.

Tratamento

O tratamento varia conforme o tipo de conjuntivite e, dependendo do caso, o médico oftalmologista pode receitar pomadas e colírios com antibióticos. Para acelerar a recuperação, a dica é caprichar na limpeza, retirando a secreção que se acumula nos olhos pelo menos três vezes ao dia. Também vale a pena fazer compressas frias três vezes ao dia nos olhos, de preferência com água fervida gelada ou soro fisiológico.

Em todos os casos, é bom consultar o oftalmologista a cada dois dias para que ele avalie a situação, já que os riscos caso o problema não seja tratado adequadamente são grandes. "Há chances de a doença deixar sequelas, principalmente lesões na córnea que comprometem a visão para sempre", explica Walter Carneiro Filho, médico oftalmologista da Clínica Barigui de Oftalmologia.

Família se une para evitar a contaminação

A família da dona de casa Gislaine Ferreira é prova de que cuidado nunca é demais para fugir da conjuntivite. Em junho do ano passado, o filho Guilherme, 2 anos, manifestou os primeiros sintomas e não demorou muito para que a família fosse contaminada. "Em um mês, eu, meu marido, meus dois filhos e até meus sogros, que moram no mesmo lote, tivemos a doença. Levou três meses até que todos se recuperassem. Quando um melhorava, o outro transmitia novamente e o ciclo não acabava", lembra.

Neste ano, ela e o marido, Rafael Schultz, estão tomando vários cuidados para que a doença não reapareça. "Troco a roupa de cama com mais frequência, lavamos as mãos várias vezes ao dia e todos têm que usar álcool em gel para evitar contaminação. Vi o quanto foi ruim no ano passado e não quero passar por essa experiência de novo."

Quem tem algum dos sintomas da conjuntivite, mas não sabe se é hora de procurar um especialista, a médica oftalmologista Luciane Moreira, do Hospital de Olhos do Paraná, dá a dica. "Se após três dias, mesmo fazendo a limpeza dos olhos várias vezes, eles continuam vermelhos e lacrimejando, está na hora de procurar um profissional."

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