Fuga da família de Celso Daniel reforça suspeita de crime político

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Brasília (Folhapress e AG) – Dois integrantes da CPI dos Bingos, os senadores Romeu Tuma (PFL-SP) e Eduardo Suplicy (PT-SP), disseram ontem que a decisão de parte da família do prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel, de deixar o país por conta de ameaças de morte reforça a tese de que o crime praticado em 2002 tinha cunho político. "Se há qualquer indício de perseguição, este aspecto reforça a tese de crime de mando, mas não constitui prova cabal", afirmou Suplicy. Para que as ameaças sofridas pelos membros da família fossem tidas como provas definitivas de que o assassinato tinha motivação política, o senador argumenta que os investigadores precisam saber de quem partiram as ameaças e em que termos foram feitas.

Por isso, a CPI dos Bingos vai procurar os familiares de Celso Daniel para saber detalhes das ameaças de morte. O presidente da comissão, senador Efraim Morais (PFL-PB), disse ontem que irá cobrar do Ministério da Justiça proteção policial para os parentes do prefeito que ainda estão no Brasil.

Uma série de ameaças por telefone e por e-mail levou o professor Bruno Daniel, irmão de Celso Daniel, deixar o país junto com a mulher e os filhos. Uma de suas filhas, uma estudante de 22 anos, estaria sendo ameaçada de seqüestro e morte em mensagens deixadas no computador da família e também em telefonemas anônimos. Outro irmão do prefeito, o médico João Francisco Daniel, também mandou sua filha estudar no exterior.

Segundo os irmãos de Celso Daniel, as duas garotas seriam alvos de um seqüestro planejado na região do ABC. "Além de e-mails que começaram a chegar há cerca de um mês também fomos informados por uma pessoa que mora numa favela em Mauá (na região do ABC) que um grupo já estava armando para seqüestrar ou matar a minha a filha e a filha do Bruno", disse João Francisco. Ele garantiu que não deixará o Brasil, apenas continuará mudando de estado a cada dois anos, como faz desde a morte do irmão.