Genebra - Chegou a hora de o Brasil passar da condição de um país receptor de ajuda internacional para um doador. É o que afirma Michel Kazatchkine, diretor do Fundo Global de Luta Contra a Aids, Tuberculose e Malária, a maior entidade de financiamento de projetos no campo da saúde no mundo, cujo caixa beira US$ 30 bilhões. Com a crise da dívida nos países ricos e reduções importantes de doações da Espanha, Itália e outros tradicionais doadores, o Fundo sai em busca de novos financiadores.
Kazatchkine afirma que Brasil, Índia e China devem começar a pensar em adotar metas mínimas de doações, assim como foi estabelecido nos países ricos há cerca de 20 anos. "Não acho que é sustentável que esses países fiquem de fora do financiamento da solidariedade global, dado a riqueza que geram a cada dia."
Desde sua criação, há dez anos, o Fundo aprovou US$ 48 milhões em recursos para o Brasil para combater a malária e a tuberculose. Mas o diretor da entidade não acredita que haja mais lugar para o Brasil fazer novos pedidos.
"Em setembro de 2010, quando estive com o [ex-chanceler] Celso Amorim, ele me disse que o mínimo que o Brasil poderia fazer era agora reembolsar o Fundo, assim como os russos fizeram em 2007."
A partir do dia 28 de junho, o Fundo realiza em São Paulo uma das principais reuniões de seu calendário, justamente com a meta de desenhar a estratégia da entidade para combater a aids, tuberculose e malária até 2016. Kazatchkine não perderá a oportunidade para se reunir com o governo para apontar para as novas responsabilidades do país. "O Brasil tem uma história enorme de sucesso. Foi o pioneiro no acesso a remédios, no programas de aids. Acho apropriado que nessa etapa de transição, de um país receptor de financiamento para um potencial doador", afirma o representante.
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