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O Grupo de Atuação Especial de Com­­bate ao Crime Organizado (Ga­­eco) vai investigar a atuação da equipe da Polícia Militar (PM) que abordou e matou dois supostos as­­saltantes no bairro Santa Cândida, na noite de segunda-feira. O coordenador do Gaeco, Leonir Batisti, afirma que determinou a abertura de um procedimento para averiguar o caso. Segundo ele, duas questões precisam ser respondidas: "Esses jovens praticaram um assalto mesmo? Há algo que indique isso? Se praticaram, não serve de pretexto para terem sido mortos. Deveriam ter sido presos. Que­­re­­mos saber se houve reação, troca de tiros, porque aí é uma questão de defesa do policial", explica.

De acordo com a PM, Luan Terlecki, 21 anos, e Danilo Ricardo Lofh, 18, foram mortos depois de terem fugido e trocado tiros com uma equipe da Rondas Ostensivas de Naturezas Especiais (Rone). Familiares afirmam que os jovens não tinham armas e foram mortos depois de estarem ajoelhados.

A sala de imprensa da Polícia Militar (PM) não comentou o caso ontem. Na terça-feira, a comunicação da PM divulgou nota, afirmando que uma vítima de roubo teria formalizado queixa na Delegacia do Alto Maracanã e reconhecido os abordados como autores do crime. O celular da vítima teria sido encontrado com os dois rapazes. O delegado Rafael Vianna não comenta o caso. Uma fonte policial ouvida pela reportagem afirma que uma vítima teria reconhecido um dos rapazes quando este já estava morto, dentro do carro da Polícia Militar. Porém, nenhum boletim de ocorrência de roubo de celular, cometido por dois rapazes, foi registrado na delegacia no dia do episódio.

Um advogado que trabalha com familiares de pessoas mortas em confronto com a PM explica que a investigação do Gaeco é a maneira mais efetiva de se saber se houve abuso por parte dos policiais ou se efetivamente ocorreu uma troca de tiros. "É a função cons­titucional do MP. E isso é importante porque as investigações conduzidas dentro da própria polícia (Inquéritos Policiais Militares) trazem muito corporativismo."

Levantamento feito pela Gaze­­ta do Povo em abril mostrava que a cada três dias, uma pessoa era morta em confronto com a Polícia Militar em Curitiba e região metropolitana. O perfil dos casos era se­­melhante: a vítima quase sempre chegava morta ao hospital e a polícia afirmava ter encontrado em seu poder um revólver calibre 38.

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