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Christiane gravou a ligação em que um homem a avisa sobre o suposto plano para matá-la: fita foi entregue ao Gaeco | Antonio Costa/Gazeta do Povo
Christiane gravou a ligação em que um homem a avisa sobre o suposto plano para matá-la: fita foi entregue ao Gaeco| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

Caso semelhante

Motoqueiro escapa de júri popular

Vitor Geron

O Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) decidiu que o réu de um processo muito semelhante ao do ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho não pode ir a júri popular ao reclassificar o crime de homicídio doloso para homicídio culposo. O caso é o de um motoqueiro embriagado e sem carteira de habilitação que atropelou uma mulher em março de 2008 em Cerro Azul, na Grande Curitiba. A vítima acabou morrendo. Nesse caso, não havia excesso de velocidade.

Os desembargadores da 1ª Câ­mara Criminal do TJ-PR, a mesma que analisou o caso de Carli Filho, concluíram que o acidente em Cerro Azul não caracteriza dolo eventual (quando se assume o risco de matar) e que ele deve responder por crime de trânsito, ao contrário do ex-deputado que é acusado de duplo homicídio com dolo eventual. O réu agora pode ser condenado a no máximo quatro anos de prisão. Se fosse a júri, poderia pegar até 20 anos.

Gustavo Scandelari, um dos advogados de Carli Filho, considerou lamentável a decisão do TJ-PR. Mesmo entendendo que os casos são diferentes, ele acredita que o mesmo raciocínio empregado pelo relator nesse caso poderia ter sido usado no do ex-deputado. "Foi utilizado um argumento que, ao meu ver, parece um pretexto, que é a questão da ausência de uma suposta velocidade excessiva, somente para poder diferenciar os casos.

Para o advogado que atua na acusação de Carli Filho, Elias Mattar Assad, a decisão do TJ-PR no caso de Cerro Azul é importante para deixar claro quando há e quando não há dolo eventual. "O nosso caso [acidente que matou Gilmar Yared e Carlos Murilo de Almeida] é um caso claro de dolo eventual", diz.

Apesar de apresentar características semelhantes, o novo entendimento do TJ-PR não pode influenciar na decisão já tomada a respeito do caso Carli Filho porque, na esfera estadual, foram esgotadas todas as instâncias. A defesa aguarda o resultado de um recurso apresentado em Brasília contra a decisão de submeter o ex-deputado a júri popular.

O Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual investiga uma ameaça de morte feita contra a empresária Christiane Yared. O filho dela – Gilmar Rafael Souza Yared – e o amigo Carlos Murilo de Almeida morreram em um acidente de trânsito em 2009, causado pelo ex-deputado Luiz Fernando Carli Filho.

De acordo com o advogado da família Yared, Elias Mattar Assad, uma pessoa ligou para o celular dele, no último dia 15, afirmando que um homem teria sido contratado para matar Christiane e um promotor público. A pessoa disse que precisava alertar a empresária sobre o caso e o advogado combinou que ela retornaria no dia seguinte.

No dia 16, Christiane ouviu do denunciante que um pistoleiro receberia R$ 250 mil para cometer os dois assassinatos e o motorista do veículo (que iria com o pistoleiro) outros R$ 50 mil, de acordo com Assad. A ligação foi gravada e o áudio entregue ao Ministério Público.

A família Yared foi orientada a não comentar o caso, porém, Gilmar Yared – marido de Christiane – denunciou o fato por meio de seu perfil no Facebook na última quinta-feira. "O mais grave foi que o pistoleiro já estava com uma foto da Christiane. Resolvi denunciar o caso antes que algo acontecesse com ela", afirmou Yared. A empresária está internada em um hospital de Curitiba desde quinta-feira porque tem tido fortes crises renais.

Assad e Yared disseram que apenas Christiane ouviu a denúncia e que ainda não poderiam falar sobre quem seria o mandante dos crimes. Por questão de segurança, o nome do suposto assassino também não foi revelado. Yared afirmou que se tratava de um ex-presidiário, acusado de matar cinco pessoas.

A denúncia feita por Gilmar Yared foi apagada do perfil dele no Facebook, porém, o texto foi compartilhado por várias pessoas na rede social. "Fiquei em silêncio até hoje sobre a ameaça e nesta quinta percebi que não devemos nos calar, esperar o pior acontecer para depois, indignados, chorar. Que Deus nos proteja e nos guarde de todo mal", disse em um trecho da mensagem.

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