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Polícia Civil afasta temporariamente dois delegados

Para que as investigações sobre o caso da menina Tayná ocorram sem qualquer tipo de interferência, o Departamento da Polícia Civil informou em nota nesta quinta-feira (11) que afastou temporariamente das funções policiais na região metropolitana os delegados Agenor Salgado Filho e Silvan Rodney Pereira, que vinham atuando nas investigações da morte da adolescente.

No lugar de Salgado Filho, o delegado Jairo Estorilo, do 1º Distrito Policial, assumirá a Divisão de Polícia Metropolitana. Já no lugar de Pereira, que autuava no Alto Maracanã, o delegado Erineu Sebastião Portes será o novo titular da delegacia, acumulando a função com a Delegacia de Colombo/Sede.

Amiga de Tayná não foi ouvida pela polícia

Os membros da família Cardoso, últimos conhecidos a terem contato com a Tayná, não foram ouvidos formalmente pela polícia. De acordo com Hernani Cardoso, pai da amiga com a qual a jovem passou parte do dia em que desapareceu. No dia 25 de junho, Tayná e sua amiga Brenda ensaiavam uma apresentação de dança até por volta das 20 horas. Cardoso acredita que os quatro detidos são culpados pelo crime, assim como a família da vítima.

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) foi designado pela Procuradoria-Geral de Justiça para atuar, em conjunto com a Promotoria de Justiça de Colombo, na investigação para apurar o suposto crime de tortura dos quatro suspeitos presos pela morte da adolescente Tayná Adriane da Silva, de 14 anos. A informação foi divulgada na tarde desta quinta-feira (11) pelo Ministério Público do Paraná.

Os promotores de Justiça de Colombo visitaram os presos durante a tarde desta quinta-feira (11) e apreenderam roupas que teriam sido usadas pelos quatro homens no dia da suposta tortura. O Ministério Público informou ainda que os presos passarão por novo exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal, que será acompanhado pelos promotores de Colombo.

OAB-PR pede investigação federal

A Ordem dos Advogados do Brasil do Paraná (OAB-PR) informou também nesta quinta-feira que vai solicitar que as investigações referentes às denúncias de tortura dos quatro suspeitos sejam investigadas pela Justiça Federal. O presidente da OAB-PR, Juliano Breda, informou que deve fazer o pedido formalmente à Procuradoria-Geral da República na próxima segunda-feira (15).

Na manhã de quarta-feira (10), a vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR, Isabel Kügler Mendes, ouviu três dos quatro suspeitos do crime que seguem presos na Casa de Custódia de Curitiba. Os depoimentos foram gravados em vídeo. O outro acusado do crime, Adriano Batista, de 23 anos, foi entrevistado pelo presidente da OAB, Juliano Breda, no Complexo Médico Penal, em Piraquara.

Para o presidente da OAB-PR, o indício de prática de tortura é um caso grave de violação de direitos humanos. "O relato dos presos são compatíveis [com a tortura]. Nós mesmos constatamos e vimos os ferimentos das agressões, nas quais umas são muito severas", informou Breda.

Os quatro suspeitos disseram aos representantes da OAB que foram torturados na delegacia do Alto Maracanã, na delegacia de Campo Largo e na delegacia de Araucária. O presidente da OAB-PR disse que somente as investigações podem comprovar se a prática da tortura foi mesmo feita nos três locais, assim como se as agressões foram praticadas por policiais ou pelos detentos. "Eles dizem que sofreram abusos sexuais por alguém que seria um preso de confiança dos policiais", relatou.

O Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) recebeu os quatro suspeitos no dia 1° de julho. De acordo com o delegado titular Amarildo José Antunes, os presos foram bem tratados no centro de operações e encaminhados ao Hospital do Trabalhador para a realização de curativos em ferimentos. O presidente da OAB-PR afirmou que os presos relataram em depoimento que não foram torturados no Cope. "Eles disseram que não receberam nenhuma agressão, somente pressão psicológica", explicou Breda.

Um dos presos, Adriano Batista, foi encaminhado na manhã de quarta-feira para o complexo médico com sangramento intenso no ânus. Segundo Isabel Kügler Mendes, o ferimento foi ocasionado pela introdução de um objeto perfurante no local.

Os quatro rapazes passaram por um exame de corpo de delito no dia 4 de julho. O laudo da perícia comprovou que todos os suspeitos foram agredidos. De acordo com o diretor da Casa de Custódia de Curitiba, Edwaldo Willis de Carvalho, as agressões aos presos ocorreram antes de os suspeitos chegarem à unidade prisional da qual ele é o responsável.

A OAB do Paraná informou em nota nesta quinta-feira que deve encaminhar um pedido de providências ao Ministério Público Estadual para que tome medidas urgentes necessárias para esclarecimento dos fatos. Os presidentes das Comissões de Defesa dos Direitos Humanos, Advocacia Criminal e Defesa das Prerrogativas da OAB devem acompanhar as investigações do homicídio.

O caso

A adolescente Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, desapareceu no dia 25 de junho quando voltava da casa de uma amiga, nas proximidades de um parque de diversões, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. O corpo da menina é encontrado no dia 28 de junho. Três dos quatro suspeitos, presos no dia anterior, confessaram ter estuprado e matado Tayná. Um deles não teria participado diretamente do crime. No mesmo dia, o parque de diversões foi depredado e incendiado por moradores da região.

No dia 2 de julho, a perita do Instituto de Criminalística, Jussara Joeckel, afirmou que a adolescente pode não ter sido violentada, contrariando a tese inicial das investigações. Mesmo com as contradições, a Polícia Civil finaliza o inquérito no dia 5 de julho com a conclusão de que os quatro suspeitos estupraram e estrangularam a adolescente. Porém, no dia 9 de julho o resultado de exame de DNA indicou que o sêmen encontrado na calcinha da garota não é compatível com o material genético de nenhum dos quatro acusados.

Contradições

Diante das contradições, a Sesp divulgou na quarta-feira (10) que o delegado Guilherme Rangel, titular do núcleo da região metropolitana da Denarc, será o novo responsável pelo caso. Ele contará com acompanhamento de Rafael Viana, assessor civil da pasta. Esse é o terceiro delegado designado para investigar o crime.

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