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Roupas jogadas no chão e abandonadas no teto, caixas vazias e registradora arrombada. Foi a terceira vez em apenas dez dias que a comerciante Neide Marques Petri se deparou com essa cena ao abrir a porta de sua loja na Rua Brigadeiro Franco, em Curitiba, ontem de manhã. Em toda as ocorrências, os ladrões entraram pelo telhado. Ela não é a única vítima do bando, apelidado de gangue da laje, que age com freqüência na divisa dos bairros Água Verde e Rebouças. Pelo menos outros cinco lojistas ouvidas pela Gazeta do Povo já foram "visitados" pelos arrombadores.

Há 15 anos no local, Neide conta que essa é a primeira vez que acontecem roubos seqüenciais. O prejuízo, segundo ela, já chega a R$ 20 mil. A primeira ocorrência data de 29 de outubro. Os ladrões escalaram grades e uma árvore, destelharam a casa, quebraram o forro e levaram o que podiam da loja. "Eles sobem como gatos e vão pulando. Não deixaram nem eu terminar de arrumar o estrago que fizeram antes e já entraram de novo", desabafa. O penúltimo registro ocorreu na madrugada de segunda-feira.

"A primeira vez foi pior, além de levar a mercadoria, eles quebraram o cano da caixa da água, o que aumentou o prejuízo", relata a filha da comerciante, Ana Cláudia Petri. Sem sucesso, a empresa de segurança que cuida do estabelecimento chegou sempre depois que os ladrões já haviam sumido. "A desculpa é de que os bandidos são mais rápidos", indigna-se Neide.

Do outro lado da Rua Brigadeiro Franco, a cabelereira Helena Leiria da Silva relata situação semelhante. Nas madrugadas dos dias 31 de outubro e 3 de novembro, ela também teve o salão de beleza invadido pelo telhado. Na segunda vez, o alarme soou e ela foi até a loja, mas os bandidos se esconderam. "Assim que verificamos que nada tinha sido roubado e fomos embora, eles saíram do forro, entraram mais uma vez e arrombaram todos os armários", conta Helena. Os ladrões levaram pouco dinheiro e comida, mas o prejuízo acumulado pela cabelereira já passa de R$ 1 mil, por causa das reformas.

Na quadra de trás, na Rua Silveira Neto, a solução encontrada pela família Freitas para inibir os bandidos que já haviam tentado roubar a antena parabólica da residência foi instalar um alarme apenas no aparelho. "Foram duas vezes seguidas. Agora, quando um passarinho passa por perto o alarme já dispara", diz a empresária Cláudia Freitas.

Churrascaria

Próximo dali, o dono de uma churrascaria comemora o fato de há três meses não ser roubado. "Os ladrões já passaram por aqui mais de 15 vezes e sempre entram entre às 4 e 6 horas. Já levaram dinheiro, bebidas e equipamentos eletrônicos", revela Carlos Alberto Orlandini Júnior.

Em outra madrugada da semana passada, foi a vez da loja de Silvana Binhara de Lima "receber" os ladrões. "Eles pularam o muro e roubaram mercadorias que estavam no pátio. Não tiveram tempo de entrar na loja porque o alarme soou", conta. "Nem com alarme interno e monitorado, cerca elétrica e dois cachorros consegui inibir os bandidos. Tive que contratar um segurança para ficar durante o dia", revolta-se.

Os comerciantes reclamam ainda dos constantes roubos e da falta de segurança para quem anda nas ruas. "Todas as quadras das ruas Brigadeiro Franco e Silveira Neto, entre a Presidente Kennedy e a Chile, são muito perigosas e não têm policiamento", conta o empresário Luiz Carlos Comazzetto.

O policial Juscelino Aparecido Bayer, superintendente do 2.° Distrito Policial onde a maioria das queixas foi feita, informou à reportagem que já há uma investigação em andamento para tentar identificar os ladrões.

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