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Perito retira parte da espuma inflamável colocada irregularmente e que revestia parte do teto da boate Kiss, em Santa Maria | Evelson de Freitas/ Estadão Conteúdo
Perito retira parte da espuma inflamável colocada irregularmente e que revestia parte do teto da boate Kiss, em Santa Maria| Foto: Evelson de Freitas/ Estadão Conteúdo

Pedido negado

A Justiça gaúcha negou ontem o pedido de liberdade de Kiko, um dos sócios da boate Kiss. A prisão temporária dos quatro suspeitos vence hoje. "Estamos analisando para ver como vamos pedir a prorrogação da prisão", afirmou o delegado. Além de Kiko, estão presos outro sócio da boate, Mauro Londero Hoffmann, o cantor Marcelo de Jesus dos Santos e o auxiliar da banda Gurizada Fandangueira Luciano Bonilha.

830 convites

da festa Agromerados foram distribuídos para estudantes da Universidade Federal de Santa Maria venderem antes do evento na boate Kiss, no domingo. A capacidade do estabelecimento era de 691 pessoas.

138

é o número de pacientes internados em hospitais gaúchos em decorrência do incêndio em Santa Maria. O número era de 142 na última quarta-feira. Do total de pacientes, 87 estão em estado grave, na UTI. Desses, 76 respiram com ajuda de aparelhos.

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Comentário de delegado vira polêmica

O delegado Marcelo Arigony, responsável pela investigação que apura as causas e os responsáveis pela tragédia de Santa Maria, publicou ontem em seu perfil do Facebook uma foto e alguns comentários que provocaram polêmica nas redes sociais.

A imagem mostra uma festa na boate Kiss, ano passado, em que aparecem pessoas utilizando materiais pirotécnicos. Junto com a foto, ele escreveu: "Tirem suas próprias conclusões!"

Arigony afirma que a foto foi enviada para ele via MSN e foi divulgada pela empresa Fuel Entretenimento, que fazia assessoria dos eventos na Boate Kiss. "A investigação tem transparência, por isso coloquei a foto. Vamos agora ouvir os representantes dessa empresa de divulgação. Eles inclusive já foram convocados", afirmou o delegado.

O delegado Marcelo Arigony, que comanda as investigações sobre a tragédia em Santa Maria, afirmou ontem que a espuma inflamável colocada no teto do palco da boate Kiss, de uso proibido como isolante acústico por leis municipal e estadual, foi a causa da morte dos 235 jovens. A perícia da Polícia Civil realizada com o Instituto-Geral de Perícias e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul constatou que o gás cianídrico liberado na queima da espuma intoxicou a maior parte das vítimas, a maioria entre 18 e 26 anos.

Em alguns países, o ácido cianídrico gasoso é usado para executar criminosos condenados. A sua toxicidade deve-se a uma desativação das enzimas de oxidação, que bloqueiam o transporte de oxigênio.

"Se a espuma não estivesse lá, os jovens não teriam morrido", afirmou o delegado. A espuma foi colocada acima do palco por um funcionário da casa em agosto de 2012, após abaixo-assinado de 87 vizinhos que reclamavam do barulho do estabelecimento nas madrugadas de domingo.

A espuma foi colocada logo abaixo do teto, como terceira camada de um sistema de isolamento acústico indicado pelo Ministério Público e que deveria ter apenas gesso e cera em vidro. "O resto do isolamento ficou intacto, só a espuma pegou fogo", disse o delegado regional.

A defesa de Elissandro Spohr, o Kiko, um dos donos da boate, admite que ele colocou a espuma sem comunicar a prefeitura ou os bombeiros. Mas argumenta que o uso foi indicado por uma empresa de engenharia, até agora não identificada por Kiko.

Cheiro de fumaça

Dezenas de sobreviventes e parentes de vítimas da tragédia na Kiss resgataram ontem pertences encontrados na casa após o incêndio.

Embora remetessem a filhos, irmãos, netos e amigos, algo incomodou os familiares: o cheio de fumaça impregnada em cada peça.

Dari Edson Conti retirou uma carteira com documentos e dinheiro – tudo intacto. Estava, porém, coberta de espuma derretida. Ele é pai de Raquel Daiane Fischer, 18 anos, aluna da Universidade Federal de Santa Maria que morreu na Kiss.

Alguns jovens prestaram depoimento. Pelo menos três deles relataram superlotação. "Não dava nem para se mexer", disse Audren Righi, de 20 anos, na 1.ª Delegacia de Santa Maria. Bruno Brauner, de 25 anos, irmão do gaitista da banda Gurizada Fandangueira, Danilo Brauner, de 27, único dos músicos que morreu, estava desesperado. "Meu irmão tocava gaita desde os 9 anos, era a paixão dele. Meu pai também sempre foi gaiteiro", disse Bruno.

Uso de civis em resgate será investigado

Agência Estado

Os bombeiros que trabalharam no incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, na madrugada de domingo, podem ser responsabilizados por terem usado civis no resgate de vítimas, uma prática vetada pela corporação. Ontem, sobreviventes contaram à polícia que os agentes deram lanternas e máscaras para jovens voltarem para dentro da casa e tentarem salvar amigos. A PM instaurou na quarta-feira inquérito policial militar para apurar erros tanto no resgate quanto antes da tragédia, na aprovação do plano contra incêndio do local.

Vinícius Montado Rosado, de 26 anos, foi um dos que conseguiram sair da boate, mas depois voltaram para tentar salvar amigos. Ele acabou morrendo. Sua irmã, Jéssica Rosado, de 24, está entre os sobreviventes e ontem contou aos investigadores ter visto seu irmão fora da casa noturna, sem ferimentos, apenas com o rosto preto de fumaça. Jéssica confirmou ainda que bombeiros deram equipamentos para alguns jovens que quiseram participar do resgate – ela não soube dizer se seu irmão também usava lanterna ou máscara.

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