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Brasília – Em três anos e meio de mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a realização de concursos para contratar 82 mil pessoas, além de ter criado 2 mil novos cargos de confiança. De acordo com dados do Ministério do Planejamento, os gastos com a folha do Executivo aumentaram de R$ 75 bilhões em 2003 para R$ 112 bilhões este ano, crescimento nominal de R$ 37 bilhões. A maior parte dos servidores públicos recebeu aumentos salariais acima da inflação

"O governo Lula tem compromissos políticos com uma visão diferente de Estado", diz o secretário nacional de Recursos Humanos, Sérgio Mendonça. "Por mais que isso não esteja na moda, ele tem compromissos com um estado que seja atuante. Nem vou dizer estado forte, porque isso hoje é quase uma ofensa." Ao contrário de seu antecessor, o governo Lula não vê problema em aumentar o contingente de servidores, nem de reajustar seus salários. É uma visão distinta da vigente no governo Fernando Henrique, que privilegiou a contratação de funcionários terceirizados para evitar compromissos futuros com suas aposentadorias.

Nos próximos dias, Lula assinará um conjunto de cinco medidas provisórias que vão reajustar salários de duas dezenas de carreiras funcionais. Amanhã, deverá ser assinada uma MP com um texto de 99 páginas que vai mudar a estrutura de quatro carreiras e reajustar seus salários. Até o dia 30, todos os servidores públicos terão recebido um reajuste de pelo menos 30% nesse período de quatro anos.

A onda de reajustes às vésperas das eleições tem uma explicação, segundo Mendonça. Todos eles estão em discussão desde maio do ano passado, mas dependiam da aprovação do orçamento de 2006 pelo Congresso, o que só ocorreu em abril passado. "Sempre poderão dizer que é eleitoreiro, mas gostaria que levassem em conta essas informações", disse o secretário.

Reflexos

A gastança com salários do funcionalismo tem efeitos negativos sobre a economia. Enquanto a arrecadação estiver crescendo, favorecida pelo aumento da atividade econômica, os reajustes salariais são menos perceptíveis. O problema é o que acontecerá diante de uma crise financeira nos moldes das enfrentadas pelo Brasil no final dos anos 90. Nesse caso, o remédio será cortar investimentos ou aumentar a carga tributária. "A sensação que dá, olhando o aumento dos gastos, é que haverá aumento da carga", afirma o professor Rogério Mori, da Fundação Getúlio Vargas.

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