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Kamila Eduarda Pereira gosta tanto de livros que lê em média duas obras por semana: uma verdadeira bibliófila | Christian Rizzi/ Gazeta do Povo
Kamila Eduarda Pereira gosta tanto de livros que lê em média duas obras por semana: uma verdadeira bibliófila| Foto: Christian Rizzi/ Gazeta do Povo

Nova escola

Mãe da estudante, Keller Adriana diz que as dificuldades para adquirir os livros começaram depois que a filha precisou mudar de escola. Ela era bolsista em um colégio particular que tem uma biblioteca grande. Mas precisou ser transferida porque levava uma hora e 15 minutos para fazer o trajeto da Vila C até a escola. No bairro onde mora, Kamila não tem oferta e variedade de livros para a idade dela. O jeito seria comprar as obras, algumas custavam até R$ 70, o que pesaria no orçamento da família. Felizmente, as doações resolveram esse problema.

Um anúncio de jornal fez a estudante de Foz do Iguaçu, Kamila Eduarda Pereira, 12 anos, encher a estante de livros e semear uma corrente do bem em favor da leitura. Tudo começou com uma ideia da mãe dela, a dona de casa Keller Adriana Soares, 37 anos. Sem recursos para comprar livros para a filha, que lê em média duas obras por semana e pode- se dizer que é uma verdadeira bibliófila (que ama livros), Adriana resolveu colocar um anúncio em um jornal de classificados, de Foz do Iguaçu: "Aceita-se doações de livros para uma menina de 12 anos que adora ler". A intenção era acessar outras crianças que já tinham lido as obras preferidas da filha e que poderiam repassá-las.

Em dois meses, Kamila recebeu 28 livros de quatro pessoas, incluindo uma coleção de ‘diários’ que ela diz adorar e vai se somar aos 150 livros já lidos ao longo da sua vida: Diário de um Anjo; Diário da Bailarina; Diário de um Banana; e Diário de uma Garota.

Sem pretensões de que o anúncio tivesse repercussão, Adriana ficou surpresa, tempos depois, ao receber um telefonema da Alemanha. Era a segunda doação batendo às portas. Quinze livros enviados por uma brasileira que comprou as obras pela internet. Foi aí que ela descobriu que a informação não se restringiu ao jornal. Um leitor achou o anúncio curioso e fez uma postagem em um grupo de troca e vendas, de uma rede social. A partir daí, o pedido ganhou o mundo.

Futuro

Antes da doação da Ale­manha chegar, Kamila recebeu livros de uma menina da Vila A, bairro vizinho da Vila C, onde ela mora. Depois, apareceu outro doador de Cascavel, que enviou três caixas de livros. "Esse doador falou que ele era como a Kamila quando criança, adorava ler", conta a mãe.

Kamila já recebeu telefonemas de moradores do Rio de Janeiro e de São Paulo interessados em doar livros e jornais.

Agora a estudante, que também frequenta aulas de balé, pretende retribuir a solidariedade e repassar os livros recebidos. "Quero doar para crianças como eu, que amam ler", diz.

Com gosto pela leitura e com uma coleção de notas altas na escola, a menina não pensa em seguir uma carreira ligada, diretamente, aos livros. A pretensão dela é ser delegada da Polícia Federal.

Para Kamila, a leitura vai ajudá-la bastante no curso de Direito. "Ler é tudo. Nós podemos perceber outro mundo. A gente sai do nosso e entra em um completamente diferente", descreve.

A mãe conta que a jovem Kamila gosta de ler desde criança. Na idade em que frequentava creche, ela sempre levava um livrinho. Hoje, o bom hábito tornou- se rotina.

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