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Com um feto morto na barriga, a dona de casa Maria José Laurindo da Silva, de 34 anos, passou mais de dois dias numa maca no corredor da maternidade do Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea. Ela chegou à unidade na última quinta-feira à tarde, após fazer um exame de ultrassonografia em uma clínica particular e constatar que o bebê que esperava há quatro meses estava morto.

Maria José foi atendida e medicada pelos médicos no próprio corredor da maternidade e esperou por uma vaga até a noite de sábado: "Os médicos me deram um remédio na quinta-feira e disseram que eu tinha que esperar até que o feto pudesse sair naturalmente", conta ela.

Em nota, a Secretaria municipal de Saúde informou que nesses casos a recomendação é para que seja feita a expulsão natural do feto. Quando isso não ocorre, de acordo com a secretaria, são usados medicamentos para dilatar o colo do útero e provocar contrações.

Para o obstetra Luís Fernando Soares Moraes, assessor especial da diretoria do Conselho Regional de Medicina (Cremerj), o caso é um retrato da falta de investimentos na saúde pública: "O mais grave é o trauma emocional de uma pessoa que perdeu uma criança e ainda precisa ficar sentindo as dores das contrações para expelir o bebê no corredor de uma maternidade."

De acordo com Paulo Aprigio da Silva, marido da paciente, durante o período em que sua mulher esteve no corredor do Miguel Couto, outras gestantes também aguardaram atendimento na maternidade. Silva disse que ontem à tarde mais duas gestantes esperavam no corredor.

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