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O ministro do STF, Gilmar Mendes.
O ministro do STF, Gilmar Mendes| Foto: Nelson Jr./STF.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, voltou a criticar os acordos de leniência fechados com empresas investigadas no âmbito da Lava Jato e defendeu uma “comissão da verdade” para investigar as circunstâncias em que as empresas teriam aceitado contribuir com as investigações.

“Eu fico muito curioso por saber por que o pessoal da J&F opta por fazer aquela operação extremamente arriscada de gravar o presidente da República [Michel Temer], de gravar o Aécio Neves ou de gravar até mesmo a mim como se diz [...] O que lhes impuseram para que eles aceitassem esse tipo de operação? [...] Há coisas nebulosas que precisam ser esclarecidas. Talvez, merecesse buscar uma ‘Comissão da Verdade’ sobre isso. Há muito escombros sobre o que se passou”, disse Gilmar Mendes durante entrevista concedida ao programa Estúdio I, da Globonews, nesta segunda-feira (11).

A declaração do ministro faz referência a episódios ocorridos em 2017.

Na época, Mendes disse ter sido gravado pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS, empresa controlada pela J&F Investimentos. O empresário teria gravado uma conversa com o ministro no dia 1º de abril de 2017, em Brasília.

A gravação teria ocorrido semanas depois de o empresário ter gravado secretamente uma conversa com o então presidente da República, Michel Temer (MDB).

No áudio atribuído a Temer, o ex-presidente teria dado aval para a compra do silêncio do deputado cassado, Eduardo Cunha, que à época estava preso em Curitiba (PR).

O ex-senador e atual deputado federal, Aécio Neves (PSDB-MG), também teria sido gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley. O valor teria sido entregue a um primo de Aécio. O momento da entrega do dinheiro teria sido registrado pela Polícia Federal.

As gravações foram feitas quando o empresário se preparava para fechar o acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Em outro trecho da entrevista concedida à Globonews, nesta segunda-feira (11), o ministro Gilmar Mendes criticou o pedido de anistia feito pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pela oposição para os réus do 8 de janeiro.

Segundo o ministro, mesmo “manipulados”, os réus cometeram “crimes graves” e devem ser punidos.

“Não tem cabimento anistia. O que me parece – fazendo sempre uma leitura política – é que muitos imputam ao próprio ex-presidente [Jair Bolsonaro] uma falta de solidariedade: jogou essa gente na fogueira e foi para Miami”, disse o ministro.

Em outro trecho, ao falar da escalada de violência no país, Gilmar Mendes disse que o STF tem informações sobre uma suposta “narcomilícia evangélica” atuando no Rio de Janeiro.

Com a solução para combater a ascensão de facções criminosas no país , o ministro propôs um “consórcio entre os Poderes”.

“Precisa haver um consórcio entre todas as forças, poderes e setores, porque o crime está sofisticado. Recentemente, o ministro (Luís Roberto) Barroso presidiu uma reunião extremamente técnica sobre essa questão, e um dos oradores falou de algo que é raro ouvir: uma narcomilícia evangélica, aparentemente no Rio de Janeiro, onde já se tem um acordo entre narcotraficantes e milicianos pertencentes ou integrados a uma rede evangélica. É algo muito sofisticado”, afirmou o ministro.

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