Curitiba – O deputado Odílio Balbinotti (PMDB-PR) só assume o Ministério da Agricultura na próxima quinta-feira. O motivo do atraso seria porque o atual ocupante da pasta está no exterior. Mas o adiamento da posse também pode ter a ver com a denúncia que corre contra o deputado no Supremo Tribunal Federal (STF). Balbinotti é acusado de falsidade ideológica pelo Ministério Público de Mato Grosso e o inquérito corre em segredo de Justiça.

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A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) confirmou ontem que o governo está analisando a denúncia contra Balbinotti. "Nós estamos olhando essa questão. O presidente vai analisar e está tudo em aberto. Ainda não está fechada a reforma ministerial’’, disse.

Segundo Balbinotti, a ação é sobre contratos de parcerias que ele tem em Mato Grosso. O caso, que envolveria empréstimos feitos pelo deputado em nome de "laranjas" no Banco do Brasil, voltou para as mãos da Polícia Federal em função da necessidade de coleta de provas e audiência de testemunhas. "Eu tenho contratos. Está tudo legal", afirmou. O advogado do deputado é o ex-procurador da República, no governo de Fernando Collor, Aristides Junqueira.

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Gaúcho de Gaurama, o futuro ministro tem 65 anos e migrou para o Paraná aos 17 anos. Foi para Barbosa Ferraz (próxima a Campo Mourão). Anos depois virou prefeito da cidade. Começou como pequeno agricultor. Hoje é o maior produtor de sementes do país. Nasceu no Rio Grande do Sul, vive no Paraná e fez fortuna no Mato Grosso.

O futuro ministro se reuniu ontem pela primeira vez com o presidente Lula, que não o conhecia pessoalmente, mas confirmou a sua indicação antes mesmo do encontro.

Gazeta do Povo – Como foi a sua escolha?Odílio Balbinotti – A minha escolha eu devo ao PMDB e aos governadores (Roberto) Requião e Blairo Maggi (de Mato Grosso), que me conhecem. Tenho um conhecimento muito grande (do setor). Já fui pequeno, médio e hoje sou grande agricultor em Mato Grosso. Tudo isso influenciou.

A sua indicação também teria influência do ex-deputado José Borba?O Borba é meu amigo. É um companheiro. Mas não tive apoio só do Borba. A bancada do PMDB me apoiou.

O senhor conversou com o presidente Lula? Como foi o encontro?Conversei hoje (ontem). Dois pés vermelhos conversam bem. Ele (Lula) entende que a agricultura é importante para o nosso país. O grande produtor aquece a economia, gera emprego. O país precisa do pequeno agricultor também. O presidente é muito sensível a tudo isso.

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Como o senhor acha que deve ser a política agrícola do país?Ainda estamos analisando. Vou precisar conversar bastante com o presidente.

Duas reivindicações do setor são o seguro agrícola e o refinanciamento das dívidas.Esse refinancimaneto das dívidas é um problema. O agricultor que teve a oportunidade de se manter, está trabalhando e já começa obter lucros. Deus está ajudando, porque o tempo está correndo bem. O governo está colaborando. Os preços estão bons no mercado internacional. Securitização e essas dívidas todas, eu não sei como estão e se ainda existem resíduos.

O senhor é um dos maiores produtores de sementes de soja do país. E a expansão do plantio de soja no cerrado e na Amazônia é uma grande preocupação dos ambientalistas. Não tem mais o que expandir. Não precisa derrubar mais mata. O país precisa de mais produtividade. Você produz muito mais na mesma área.

E como seria esse aumento de produtividade?Tecnologia. Se o agricultor vai se capitalizando, não vai tendo mais dividas, investe na terra, produz mais e tem retorno. Nós vamos investir na Embrapa. Principalmente porque a Embrapa trabalha mais com os pequenos agricultores. Os grandes tem recursos para pagar a assistência.

O senhor acha que o governo precisa repassar mais recursos para a agricultura?O agricultor já está bem acostumado a trabalhar com a sua economia. Principalmente o grande produtor. O pequeno sempre tem de estar assistido pela Embrapa porque não têm condições de contratar técnicos. A agricultura está indo bem e se Deus quiser vai melhorar.

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O Brasil fechou um acordo com os Estados Unidos sobre a produção do etanol (álcool). O senhor acha que esse acordo vai beneficiar o país?Acho interessante, mas não estou bem informado sobre o assunto porque não é a minha área. Mas agora como ministro, também será a minha área.

O governador Requião é contra o plantio de sementes transgênicas. O senhor produz sementes transgênicas. Mesmo assim ele apoiou seu nome. Como o senhor vai negociar com o governador?O Requião é meu amigo e ele vai entender que os transgênicos são importantes. Tecnologia nova. Nós vamos conversar sobre os transgênicos no Paraná.

O senhor tem um processo por falsidade ideológica que corre em segredo de Justiça no STF. Por que da acusação?É um inquérito ainda. Estou com a consciência tranqüila. Aristides Junqueira é o meu advogado. Estou tranqüilo porque não devo nada. O processo é sobre parcerias que eu tive em Mato Grosso. Eu tenho contratos. Está tudo legal.