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Curitiba e região metropolitana ganharão R$ 24 milhões do governo para ‘’congelar’’ o preço da tarifa dos ônibus até maio deste ano | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Curitiba e região metropolitana ganharão R$ 24 milhões do governo para ‘’congelar’’ o preço da tarifa dos ônibus até maio deste ano| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Particularidades

Em Maringá e Londrina, as prefeituras já oferecem subsídios ao transporte público. Veja as características do sistema em alguns municípios:

- Em Maringá, a empresa Transporte Coletivo Cidade Canção (TCCC) recebe cerca de R$ 300 mil mensais da prefeitura, referentes ao programa Passe do Estudante, que atendeu aproximadamente 26 mil pessoas no ano passado. A prefeitura informou que espera recursos do governo estadual para subsidiar a proposta da tarifa metropolitana integrada na região de Maringá.

- Em Londrina, o município paga R$ 600 mil por mês às empresas que fazem o transporte coletivo da cidade para manter a tarifa mais acessível ao usuário. O pagamento teve início na administração Barbosa Neto (PDT) e cobre R$ 0,15 do valor da passagem. Sem o subsídio, o londrinense já estaria pagando R$ 2,35, mas a ajuda de custo mantém a tarifa em R$ 2,20. O prefeito eleito, Alexandre Kireeff (PSD), já sinalizou que deve pedir ao governador Beto Richa um benefício semelhante ao de Curitiba. Nessa semana, prefeitos da região Norte do estado se reuniram para discutir uma proposta de integração do transporte coletivo de Londrina e região metropolitana com Apucarana e Arapongas.

- Em Cascavel, a Companhia de Engenharia de Transporte e Trânsito (Cettrans), responsável pelo sistema, informou que o município também deve reivindicar subsídios do governo estadual, já que não há nenhum tipo de auxílio. A prefeitura da cidade já sugeriu a redução de impostos sobre combustíveis, ressaltando que o diesel é um dos insumos que mais encarecem a tarifa.

- Foz do Iguaçu, Paranaguá e Ponta Grossa não oferecem nenhum tipo de subsídio às empresas que operam o transporte coletivo.

Diante da pressão dos prefeitos eleitos, o governador Beto Richa garantiu, na tarde de ontem, que o estado vai subsidiar o transporte público nas principais cidades do Paraná. Durante entrevista coletiva no Palácio Iguaçu, ele deixou claro que o auxílio financeiro ao sistema de ônibus dos municípios do interior, como ocorre em Curitiba, não será fácil, mas deve ocorrer no segundo semestre deste ano. Apesar da confirmação, o governador não explicou como concederá o benefício. Um estudo que prevê a desoneração do diesel usado nas frotas do transporte coletivo está sendo feito pela Secretaria de Estado da Fazenda e já provoca discordâncias dentro do governo. A medida beneficiaria todas as cidades do Paraná. Nas últimas semanas, vários municípios reivindicaram o subsídio ao governo do estado, questionando a preferência pela Grande Curitiba.

O secretário estadual da Fazenda, Luiz Carlos Hauly, confirma que há um estudo, mas diz que não há uma conclusão porque a análise ainda não foi apresentada ao governador. "Tão logo eu volte de férias, levo o estudo ao governador. A não ser que ele se precipite e quem está no meu lugar tenha de apresentar o levantamento", comentou por telefone. O secretário disse que seria importante sondar casos de outros estados, mas adiantou que o estudo deve apresentar uma "solução mais caseira". No Amazonas, por exemplo, o decreto estadual define a quantidade de combustível que cada empresa pode comprar sem pagar imposto. O benefício, no caso amazonense, é suspenso quando a empresa está inadimplente.

Responsável pela Coor­­denação da Região Me­­­tro­­politana de Curitiba (Comec), Rui Hara lembra que na última discussão sobre a isenção de ICMS, o consenso foi de que seria difícil a implantação no estado. "Na região de Curitiba, temos várias empresas, o transporte está licitado e existe uma câmara de compensação [organismo que assegura o cumprimento de todos os contratos], então é mais fácil você dar esse tipo de isenção", comenta. Além disso, para o transporte da capital e região metropolitana, o repasse às empresas é feito via Fundo de Urbanização de Curitiba. Na avaliação de Hara, as cidades que reivindicam subsídio precisam ter um processo licitado e um fundo ou câmara de compensação que permita a transferência do dinheiro.

Negociação

Segundo a professora de Direito Tributário do Centro Universitário Curitiba, Re­­giane Binhara Esturílio, isentar completamente o ICMS seria um trabalho difícil. O governador precisaria negociar uma mudança na lei para conseguir o benefício. Na avaliação de Regiane, o mais provável é uma variação na alíquota. "Isso poderia ocorrer por decreto, mas não é simples", afirma. Ela lembra que é preciso uma negociação com as empresas, porque baixar o imposto apenas aumentaria o lucro do setor. "O empresário precisa se comprometer a manter baixa a tarifa", comenta.

Integração ocorre apenas na capital

As maiores cidades do Paraná já sinalizaram interesse em receber subsídios do estado para o transporte coletivo. Embora todas solicitem ajuda, há pouca informação sobre as tabelas para a formulação das tarifas, assim como os custos e as despesas do sistema. A reportagem da Gazeta do Povo coletou informações sobre os sistemas de Curitiba, Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu, Cascavel, Ponta Grossa e Paranaguá. Na tarde de ontem, o governador Beto Richa lembrou que Cianorte e São José dos Pinhais também reivindicaram o subsídio.

Todos esses municípios têm seus sistemas licitados, mas apenas a capital conta com integração com outras cidades. Entre esses municípios, Curitiba, Londrina e Maringá já subsidiam parte do transporte. Os outros municípios dependem da própria arrecadação das empresas ou de verbas obtidas com venda de espaços publicitários.

Na capital, só com o valor das passagens o sistema acumulou prejuízo de R$ 53 milhões entre março e novembro de 2012. O usuário paga R$ 2,60, mas o sindicato das empresas de transporte (Setransp) já sinalizou que as tabelas de pagamento estão defasadas e que o custo do sistema já estaria em R$ 3,10. Em Curitiba, o custo por quilômetro rodado é de R$ 5,69. Deste total, R$ 2,5 (43%) seriam referentes a salários e benefícios dos funcionários.

O prefeito Gustavo Fruet oficializou o pedido de manutenção do subsídio, concedido pelo governo no ano passado. Richa sinalizou que deve manter o auxílio até maio, mas a prefeitura quer garantir a ajuda por mais 12 meses.

Colaboraram: Luiz Carlos da Cruz, Correspondente em Cascavel; Derek Kubaski, especial para a Gazeta do Povo, da sucursal de Ponta Grossa; Oswaldo Eustáquio, correspondente em Paranaguá; Fabiula Wurmeister, da sucursal de Foz do Iguaçu; Marcus Ayres, da Gazeta Maringá; e Bruna Komarchesqui, correspondente em Londrina.

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