O governo do estado já tinha sido avisado sobre motins dentro de unidades prisionais que poderiam acontecer no período eleitoral. O alerta do Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário (SINSSP) foi encaminhado por meio de correio eletrônico ao então governador Roberto Requião em 1.º de maio deste ano. O e-mail informava que detentos, em parceria com outros setores do sistema prisional, estariam "se articulando para promover rebeliões em série no sistema penitenciário nos próximos meses quando as eleições estiverem por se definir".
A resposta recebida pela presidente do sindicato Sandra Márcia Duarte chegou oito dias depois. A assessoria do governador informava que Requião recebera a mensagem e ela já tinha sido encaminhada para as secretarias da Justiça e Cidadania (Seju) e da Segurança Pública (Sesp) "para conhecimento da denúncia e providências cabíveis ao caso". "Depois disso não tivemos mais notícias", afirma Sandra. A Sesp informou que respostas sobre o sistema penitenciário cabem à Seju. Esta, por sua vez, foi procurada pela reportagem mas não deu nenhum retorno.
Nesta segunda-feira (23), a seis dias do segundo turno das eleições, 144 presos do Centro de Detenção e Ressocialização (CDR) de Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, mantiveram durante cerca de nove horas dois funcionários da unidade como reféns. Luminárias, registros dos chuveiros e a pintura foram depredados. O motim chegou ao fim assim que 21 rebelados foram levados para a Penitenciária Central do Estado (PCE). Os detentos negociavam a transferência deles para presídios de outros estados, o que deve ser analisado pela Vara de Execuções Penais. Uma sindicância foi instaurada pela Seju para apurar as circunstâncias do motim.
O Departamento Penitenciário Estadual (Depen) ficou responsável por analisar, ontem, outras reivindicações dos presos. De acordo com o coordenador, coronel Honório Olavo Bortolini, isso ainda não tinha sido feito até o começo da noite de ontem. Ele conta que o regimento adotado no CDR é diferente do existente na Penitenciária Provisória de Curitiba (PPC), de onde a maioria dos presos foi transferida. "A unidade é nova e por isso existe uma pressão muito grande com relação a benefícios que eles (presos) não têm mais", explica o coronel. "A rebelião é uma coisa que pode acontecer. É uma questão que a gente está sempre preocupado", afirma.
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