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Vista aérea de Itajaí: cidade teve 80% de seu território encoberto pela água. Agora, luta é para evitar doenças e para reconstruir tudo o que foi perdido | James Tavares/Secom/Reuters
Vista aérea de Itajaí: cidade teve 80% de seu território encoberto pela água. Agora, luta é para evitar doenças e para reconstruir tudo o que foi perdido| Foto: James Tavares/Secom/Reuters

Economia do estado deve se retrair 25% em outubro

A economia catarinense pode sofrer uma retração de 25% em outubro em função das chuvas que assolaram cidades e fizeram o estado decretar emergência. A maioria das empresas ainda não fez um levantamento dos prejuízos, uma vez que muitas delas – especialmente na região do Vale do Itajaí – ainda têm muitos colaboradores desaparecidos ou desabrigados, e estão com produção reduzida ou até parada por falta de trabalhadores.

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Só 26% gastos com prevenção

Um programa do governo federal destinado a prevenir desastres naturais recebeu até o momento apenas 26% dos recursos previstos no Orçamento da União. As informações foram divulgadas pela ONG Contas Abertas, extraídas do Sistema Integrado de Administração do Governo Federal, o Siafi.

O Programa de Preparação e Prevenção para Emergências e Desastres, ligado ao Ministério da Integração Nacional, teria, de acordo com o Orçamento aprovado no Congresso Nacional, R$ 375 milhões. No entanto, até 21 de novembro, apenas R$ 97 milhões haviam sido pagos.

As informações divulgadas pela Contas Abertas dão conta também de que os programas de atendimento a desastres consumiram neste ano três vezes mais dinheiro do governo federal do que os programas de prevenção.

Para Gil Castelo Branco, consultor de economia da Contas Abertas, o comportamento da gestão federal reflete uma tradição da política brasileira. "Obras como contenção de encostas e canalização de rios têm pouca visibilidade, não dão votos. Os governos acabam atuando depois que o desastre aconteceu", afirma.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do Ministério da Integração, mas não obteve resposta.

Rogerio Waldrigues Galindo

  • Veja como deve ser a distribuição dos recursos

São Paulo - Depois de sobrevoar ontem por meia hora num helicóptero militar de portas abertas as cidades de Navegantes, Itajaí, Ilhota e Luís Alves, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse se tratar da "pior tragédia" do seu governo e uma das "maiores da história do Brasil".

E completou: "O que mais me impressionou é ouvir que a água baixou. Passei por locais totalmente cheios d’água e o governador (Luís Henrique) me disse que ontem (terça-feira) não se via nem parte do telhado".

O presidente anunciou a liberação, por meio de medida provisória, de R$ 1,6 bilhão em ajuda emergencial aos estados do Sul e do Sudeste afetados pelas chuvas. Outros R$ 370 milhões serão repassados em títulos públicos, somando R$ 1,97 bilhão. Lula disse ainda que o Banco do Brasil criou uma linha de crédito para empresários e agricultores catarinenses e que estuda a liberação do dinheiro do fundo de garantia.

Também em Navegantes, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou a chegada de um avião com dez toneladas de remédios para Santa Catarina, e Lula confirmou o envio de mais sete toneladas hoje.

Orçamento

A medida provisória editada por Lula remaneja pelo menos R$ 679 milhões do Orçamento da União para Santa Catarina, do total de R$ 1,6 bilhão que será destinado a regiões afetadas.

Além dos recursos orçamentários, o Ministério da Fazenda enviará ao governo do estado R$ 370 milhões por meio de títulos públicos, mas o governo não explicou de que forma se dará essa operação, qual a origem dos títulos e para que fim poderão ser usados.

O valor total de ajuda federal chegará a quase R$ 2 bilhões a Santa Catarina, Paraná, Espírito Santo, Bahia, Maranhão e Rio de Janeiro, que enfrentam chuvas, nos casos do Sul e Sudeste, ou seca, no Nordeste.

Segundo a presidência da República, o R$ 1,6 bilhão será distribuído da seguinte maneira: R$ 720 milhões a ações da Defesa Civil; R$ 350 milhões para recuperação de portos; R$ 280 milhões para estradas; R$ 150 milhões para ações das Forças Armadas; e R$ 100 milhões a ações de saúde.

Parte do dinheiro anunciado já está sendo usado. A Defesa Civil, por exemplo, já enviou a SC lona, colchões, cestas básicas, cujos recursos estão nos R$ 720 milhões previstos.

O Ministério da Defesa informou ontem que os R$ 150 milhões previstos na medida provisória para "ações das Forças Armadas" deverão ser utilizados para as despesas já feitas e para a manutenção das medidas adotadas. Cerca de 600 militares estão em Santa Catarina para ajudar no socorro às vítimas.

Para chegar a este montante, o governo remanejou recursos do Orçamento. O valor de R$ 1,6 bilhão não é "dinheiro novo", mas créditos extraordinários. Com isso, o montante foi deslocado de programas já em andamento. O governo não detalhou, porém, de que programas saíram os recursos.

A enxurrada que atingiu o Vale do Itajaí paralisou os principais centros industriais e de escoamento de mercadorias do Estado, além de comprometer a safra de suas principais culturas. De acordo com a Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina), a estimativa inicial é de prejuízos diários de pelo menos US$ 20 milhões apenas em Blumenau.

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