Brasília – Enquanto mantém abertas as negociações com os partidos aliados em torno de cargos e liberação de emendas, o governo está montando uma estratégia para tentar driblar a ferrenha obstrução da oposição e garantir, na próxima semana, a conclusão da votação da emenda que prorroga a CPMF até 2011. Por meio da "análise técnica" da própria Mesa, já foram reduzidas de 65 para 20 o número de emendas apresentadas ao texto, mas há ainda outros 10 destaques para serem apreciados. A preocupação do governo é manter as insatisfações na base controladas para garantir um quórum maior na sessão de terça, já que terá sempre que garantir os 308 votos para derrubar os destaques.

CARREGANDO :)

"Estamos tentando simplificar ao máximo o processo de votação", disse o vice-líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), acrescentando que é "natural" num governo de coalização haver negociações.

"Quanto mais demorarmos na Câmara, mais aumenta o poder da oposição no Senado, onde a maioria do governo não é acachapante", rebateu o deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC).

Publicidade

Numa corrida contra o tempo, o governo quer concluir a votação do primeiro turno da prorrogação da CPMF, com alíquota de 0,38%, na próxima semana, mas isso só será possível se o número de destaques e emendas cair ainda mais. O problema é que, a partir do dia 1.º de outubro, novas medidas provisórias começam a trancar a pauta da Câmara. Nesta semana, o governo já teve que revogar três MPs para o limpar a pauta.

Se não conseguir concluir a votação na Câmara semana que vem, o Planalto terá que avaliar a possibilidade de revogas novas MPs. Há uma tentativa dos líderes governistas de sensibilizar a oposição e, por seu lado, controlar a base aliada, para evitar as ausências e abstenções verificadas na votação de quarta-feira.

Só no PMDB faltaram 15 votos: 77 deputados votaram com o governo, mas oito votaram contra, um se absteve e outros sete faltaram, totalizando 17 baixas de uma bancada de 93. Votaram 86 dos 93.

A oposição também quer conter seus votos que favorecem a aprovação da CPMF. O DEM foi o que contou com o maior número de ausências: 18 de uma bancada de 59. Votaram 41 deputados, sendo que 3 votaram a favor da CPMF e devem ser expulsos do partido.