No quarto dia de greve da Polícia Civil de São Paulo, a Secretaria da Segurança Pública anunciou o corte do ponto dos grevistas, além de usar a Polícia Militar para evitar que a população fique sem registrar os boletins de ocorrência quando é vítima de algum crime no Estado. Diante da reação dura do governo, os grevistas, que anunciavam pretender estudar a proposta divulgada anteontem, decidiram apertar o cerco ao governador José Serra (PSDB). "Não lhe daremos trégua. Vamos protestar em todos os eventos em que ele estiver, pois trabalhamos com inteligência e estamos presentes em todo o Estado", afirmou o delegado Sérgio Marcos Roque, presidente da Associação dos Delegados do Estado.

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Ontem, o secretário da Segurança Pública, Ronaldo Bretas Marzagão, anunciou as novas disposições do governo para enfrentar o movimento dos delegados. A primeira medida divulgada foi o desconto, de forma retroativa, dos dias parados dos policiais civis que aderirem à greve. O secretário anunciou também que a Polícia Militar foi orientada a encaminhar ao Ministério Público Estadual (MPE) os Boletins de Ocorrência da PM (BOPM) dos casos que policiais civis tenham se recusado a registrar nas delegacias. O BOPM é um relatório que todo PM faz ao atender a uma ocorrência. Nele estão os dados dos envolvidos e a solução dada ao caso.

Segundo o delegado André Dahmer, diretor da associação, a medida é ilegal, pois a função de polícia judiciária é reservada pela Constituição à Polícia Civil. Dahmer disse que os delegados estão registrando ocorrências segundo a decisão do Tribunal Regional do Trabalho, que determinou que 80% dos policiais continuassem trabalhando e não houvesse a interrupção de serviços.

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Os grevistas pedem 15% de reajuste neste ano, 12% em 2009 e 12% em 2010. O governo acena com reajuste de 38% do piso salarial de delegado e de 4,5% para o salário-base de todas as categorias. Desde o começo da greve, o registro de BOs na cidade de São Paulo caiu 60%. Os grevistas alegam que a adesão é de 90%. Já o governo diz que ela é de 30% na capital e 40% no interior.

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