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Servidores

A greve dos servidores técnico-administrativos das universidades federais começou em 20 de março. Entre aas reivindicações estão a antecipação do reajuste de 5%, previsto para 2015, ainda neste ano – o que deve garantir aumento de 10% em 2014 – e a criação de um piso salarial de três salários mínimos e de data-base para a categoria.

A greve dos servidores da Universidade Federal do Paraná tirou das salas de aula os cinco intérpretes de Libras que a instituição possui em Curitiba. A falta desses profissionais afeta cerca de 250 alunos. Algumas aulas de mestrado chegaram a ser suspensas. Em outro caso, uma aluna surda, em fase final do curso, foi obrigada a contratar um intérprete particular para conseguir qualificar sua dissertação.

Ao todo, a UFPR possui cinco alunos surdos – quatro de mestrado e um de graduação em Pedagogia. Mas como a disciplina da Língua Brasileira de Sinais (Libras) é obrigatória para os cursos de licenciatura, muitos outros estudantes precisam dos intérpretes para consolidar o aprendizado. "Na aula prática eu consigo ter minha estratégia para ensinar libras para a pessoa que ouve e não entende a língua. Mas para ensinar a teoria é necessário um intérprete", diz o professor de Libras da UFPR Jeferson Diego de Jesus, que é surdo e também está fazendo mestrado em Políticas Educacionais pela universidade.

Como estudante do mestrado, ele está há três semanas sem duas disciplinas por falta de intérpretes. "Meu sentimento não é de raiva pela greve. Eles têm o direito, mas tenho raiva pelo prejuízo nos estudos, não temos cronograma de reposição e estou me sentido lesado", desabafa Jeferson, por meio da ajuda de uma intérprete voluntária. Para algumas aulas, a universidade consegue ajuda de voluntários para fazer a tradução do conteúdo aos alunos surdos. Porém, o mestrado em Cognição e Linguagem, que possui um aluno surdo ingresso neste ano, as aulas prosseguem normalmente. Segundo a reportagem apurou, o estudante não está conseguindo acompanhar as aulas justamente pela falta do intérprete.

Negociação

Para tentar resolver a situação, a UFPR e os próprios alunos tentaram negociar duas vezes com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba (Sinditest-PR) para que ao menos 30% dos serviços realizados pelos intérpretes fossem mantidos. No entanto, o pedido foi negado pela Comissão de Ética do sindicato e as partes não entraram em acordo. "Uma greve é para todos os servidores. Não tem como paralisar apenas alguns serviços", dizo diretor do Sinditest-PR, Márcio Palmares.

A UFPR acionou o Mi­­­nistério Público Federal para que seja tomada alguma medida para não prejudicar os alunos que precisam dos intérpretes. O MPF diz que solicitou mais dados à universidade sobre o fato e até o momento a situação está sendo analisada.

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