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Médicos bloquearam as avenidas Marechal Deodoro e Marechal Floriano, no centro de Curitiba, contra os vetos ao Ato Médico | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Médicos bloquearam as avenidas Marechal Deodoro e Marechal Floriano, no centro de Curitiba, contra os vetos ao Ato Médico| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Protesto

Ato reúne 500 pessoas no centro de Curitiba

Rafael Neves, especial para a Gazeta do Povo

Aproximadamente 500 médicos participaram na noite de ontem, em Curitiba, de um ato contra as medidas do governo federal que afetam a categoria. O protesto ocorreu em dia de paralisação nacional da categoria, coordenada pela Federação Nacional dos Médicos (Fenam). A estimativa do Sindicato dos Médicos do Paraná (Simepar) é de que pelo menos metade dos cerca de 10 mil médicos de Curitiba aderiram de alguma forma à greve.

A manifestação na capital começou por volta das 17h, quando os médicos se concentraram no cruzamento entre as avenidas Marechal Deodoro e Marechal Floriano. Sobre um trio elétrico, lideranças das entidades médicas expuseram as principais reivindicações da categoria.

Para o presidente em exercício do Simepar, Murilo Schaefer, a adesão dos médicos foi acima do esperado. "Fizemos um bom trabalho de mobilização e tivemos representantes de todos os setores médicos. A categoria está unida", avalia.

Impactos

A greve afetou parcialmente o atendimento da saúde em Curitiba. Os procedimentos de emergência e urgência foram todos mantidos, conforme acordo selado entre as entidades médicas e o Ministério Público. Já os procedimentos eletivos foram prejudicados, especialmente na rede pública. Em Curitiba, no Hospital Evangélico, 90% destes procedimentos precisaram ser remarcados.

Entre os planos de saúde de Curitiba o impacto não foi sentido da mesma maneira. As operadoras Unimed, Amil e Clinipam afirmaram que praticamente não houve reflexos da paralisação.

Apoio

OMS vê programa brasileiro "com entusiasmo"

A Organização Pan-Americana da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS) no Brasil manifestou apoio ao programa Mais Médicos, do governo federal. Segundo o órgão, ligado às Nações Unidas (ONU), com a iniciativa o Brasil busca melhorar o acesso com qualidade aos serviços de saúde em comunidades distantes, além de reduzir desigualdades regionais.

"O Programa também está direcionado a construir uma maior equidade nos benefícios que toda a população recebe do SUS", manifestou Diego Victoria Mejía, representante da Opas/OMS no Brasil.

A Opas lembra que o Brasil apresenta uma média de médicos com relação a sua população menor que a média regional e a de países com sistemas de referência, tanto no continente americano como em outras regiões do mundo. "Países que têm os mesmos problemas e preocupações do Brasil, estão colhendo resultados da implementação dessas medidas. Em longo prazo, a prática dos graduandos em Medicina deve garantir maior equidade no SUS", finaliza Mejía.

Médicos cruzaram os braços ontem em pelo menos 13 estados do país em protesto contra ações recentes do governo federal envolvendo a categoria, como o programa Mais Médicos e os vetos à lei do Ato Médico. Na maior parte dos casos, a greve de 24 horas resultou na suspensão do atendimento eletivo (consultas, exames e cirurgias marcadas) no Sistema Único de Saúde (SUS). Procedimentos de urgência e emergência foram mantidos.

A Federação Nacional de Médicos (Fenam) registrou adesão à paralisação em São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraíba e Pará. Em São Paulo, porém, apenas médicos residentes participaram, segundo a entidade.

No Acre, diferentemente dos outros estados, os médicos entraram em greve por tempo indeterminado. A categoria reivindica realização de concurso público e melhores condições de trabalho. A adesão à greve, na avaliação do sindicato local, é de 70%.

A greve nos estados integra mobilização nacional da classe médica contra medidas recentes do Planalto. O alvo principal é o Mais Médicos, que prevê levar médicos brasileiros e estrangeiros para o interior do país e ampliar a duração do curso de medicina, adicionando dois anos de serviços obrigatórios ao SUS.

"O problema não é falta de médico, mas falta de estrutura e investimento. É como contratar cozinheiros sem feijão, fogão ou pratos", diz José Pontes, presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará.

As entidades também repudiam os vetos que o governo impôs à lei do Ato Médico .

A Fenam e outras entidades de classe planejam novas paralisações para os próximos dias 30 e 31, e tentam buscar apoio de profissionais da rede privada.

Balanço

As estimativas de adesão ao protesto foram variadas. Pelo lado dos sindicatos que fizeram projeções , os números foram de 50% no Paraná)a 80% na Paraíba.

Em Pernambuco, um ato no Recife promoveu enterro simbólico do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que está viajando pelo país defendendo o Mais Médicos e enfrentou protestos ontem em Belém e em São Luís.

Alguns governos minimizaram o impacto das paralisações. Em Minas, a capital apontou adesão de 26%. O governo da Bahia informou que a paralisação foi mínima no estado.

Justiça cobra explicações sobre programa

A Justiça Federal deu prazo de 72 horas para que a Advocacia-Geral da União (AGU) se manifeste a respeito do programa Mais Médicos, em resposta à ação civil pública apresentada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) contra o programa. Segundo a assessoria do Tribunal Regional Federal da 1ª região, o prazo vale a partir do momento em que a União for intimada. A decisão de comunicar a AGU foi registrada às 16h22 de ontem no sistema do tribunal. Na sexta-feira, o CFM entrou com uma ação para tentar suspender o programa Mais Médicos, que pretende fixar médicos no interior do país e nas periferias.

Novos cursos

O Ministério da Educação fará consulta pública no próximo mês sobre modelo a ser utilizado para abertura de novos cursos de medicina no país. Desde o início do ano, o procedimento foi invertido: a partir de agora, cabe ao governo indicar em quais regiões há possibilidade de abertura de novas vagas.

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