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Isabel Gregório veio de Foz: atendimento incerto | Felipe Rosa/ Gazeta do Povo
Isabel Gregório veio de Foz: atendimento incerto| Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo

Mobilização

Médicos vão tentar pressionar os deputados

Diante da impossibilidade de que o Ministério do Planejamento volte atrás em relação à MP 568, os médicos devem agora pressionar o Congresso para que os parlamentares excluam a categoria da MP. Na terça-feira passada foi instalada uma Comissão Mista no Congresso para analisar o texto da medida. A comissão pediu uma audiência pública com a ministra do Planejamento Miriam Belchior, com a presença do Conselho Federal de Medicina.

Os médicos pretendem obter um encontro com o relator da Comissão Mista, o deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), e exigir, entre outras medidas, que a Lei 9.436, revogada pela MP, volte a vigorar. Instituída em 1997, o texto determinava jornada de trabalho de 20 horas semanais aos médicos, e a possibilidade de vencimento dobrado a quem optasse pelas 40 horas.

Caso a negociação entre a comissão e o ministério não avance e não haja garantias por parte do relator, a promessa é que a paralisação continue além de quinta-feira de acordo com o médico do HC Eduardo Lourenço, relator de uma comissão do hospital que discute a MP.

Medida provisória n.º 568

estipula que o médico em início de carreira no serviço público federal ganhe, a partir de julho, a metade do que ganha um contratado anteriormente. Quem já atua passaria a ter um salário-base 50% menor, acrescido de uma vantagem, correspondente ao restante, que não sofreria reajustes posteriores. Adicionais de periculosidade e insalubridade teriam um valor absoluto fixo, em vez de corresponderem a até 20% do salário.

Há seis anos, Isabel Gregório, 42 anos, viaja de Foz do Iguaçu para Curitiba uma vez por semestre para se consultar no Hospital de Clínicas (HC)da Universidade Federal do Paraná. Desta vez, ela perdeu a viagem de dez horas e meia. Portadora de ataxia de Friedreich, doença que afeta a coordenação motora e o sistema nervoso, Isabel tinha uma consulta marcada para hoje, mas não contava com a paralisação dos médicos do hospital, que começou ontem, deixando mais de mil pessoas sem atendimento. "Moro com dois tios doentes. Deixei um primo cuidando deles para vir pra cá", diz.

A greve de 300 dos 400 médicos servidores do HC contra a Medida Provisória n.º 568, que reestrutura as carreiras dos servidores federais, reduzindo os salários dos médicos, foi deflagrada ontem e cancelou, além das mil consultas, 21 cirurgias apenas no primeiro dia. A previsão é de que ela dure até quinta-feira. "Os procedimentos eletivos, como cirurgias de hérnia, retirada de amídala e de vesícula e cirurgia plástica foram cancelados segundo critérios éticos e médicos", afirmou a diretora do hospital, Heda Amarante. Até as 14 horas de ontem, apenas nove cirurgias haviam sido realizadas. A estimativa é de que quatro mil consultas eletivas e 160 cirurgias sejam canceladas durante os dias de greve.

A prioridade durante a greve será o atendimento de pacientes internados, em tratamento oncológico (câncer), em situação de urgência ou emergência e em pós-cirúrgico. A direção garante que quem precisar de exames ou de atendimento pediátrico também será atendido.

Prejudicados

Quem não conseguiu a­ten­dimento reclamou da falta de comunicação do hospital com clínicas e postos de saúde do interior. Muitos perderam a viagem e tiveram de esperar até o fim do dia para voltar às suas cidades. "Só me disseram que vão tentar remarcar minha consulta e me avisar por telefone. O que adiantou a gente vir até aqui?", questiona Mara Pereira, de Jacarezinho, que trouxe a irmã, Juliana, de 19 anos, para uma consulta de rotina. Juliana sofre de epilepsia e tem acompanhamento no HC a cada três meses.

A direção do hospital recomenda que pacientes agendados até a quinta-feira entrem em contato com a Central de Agendamento para confirmar ou remarcar consultas e cirurgias. Porém, na tarde de ontem a reportagem testou o número de telefone da Central por dez vezes, mas não obteve sucesso em nenhuma das tentativas.

Serviço

Central de Atendimento do HC: (41) 3360-7833. A linha funciona das 7 às 18 horas. A previsão para o reagendamento é de um mês.

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