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Sueli e Sandro na UTI neonatal do Hospital de Clínicas: mãe e filho amarrados um ao outro | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Sueli e Sandro na UTI neonatal do Hospital de Clínicas: mãe e filho amarrados um ao outro| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Vantagens

A técnica da mãe-canguru traz benefícios para a família inteira.

Para o bebê - O calor dos pais favorece a rápida recuperação, com aumento de ganho de peso, estímulo do processo digestivo e desenvolvimento neurológico e redução da infecção hospitalar.

Para a mãe - Ajuda a minimizar o sentimento de perda, desenvolve maior competência e confiança no manuseio da criança de baixo peso, mesmo após a alta hospitalar.

Para todos - Aumenta o vínculo mãe-filho/ pai-filho e diminui o tempo de separação entre os pais e o bebê, evitando longos períodos sem estimulação.

Há um mês, a rotina da dona de casa Sueli de Almeida Scholz, 26 anos, é a mesma. Todos os dias, ela fica das 14 às 20 horas no Hospital de Clínicas (HC), em Curitiba, com seu filho Sandro, que nasceu no sétimo mês de gestação. Sueli passa horas com o bebê recém-nascido amarrado com uma faixa ao seu corpo, para ajudar na recuperação do menino.

Além dela, 80% das outras 30 mães que freqüentam a maternidade todos os meses fazem o mesmo na UTI neonatal do hospital. É a técnica da mãe-canguru, realizada há quatro anos no HC para recém-nascidos prematuros e bebês abaixo de 1,8 quilo. A mãe ou o pai da criança a colocam em contato com a pele, na posição vertical, e ela permanece amarrada por, no mínimo, duas horas por dia. A idéia é que, por meio do contato e do calor do corpo dos pais, o bebê receba carinho e não só os toques estressantes do trabalho dos médicos e enfermeiros. "É uma forma de humanizar o tratamento. O prematuro passa muito tempo sob cuidados profissionais, o que pode fazer com que no futuro ele tenha alguma alteração de comportamento por falta do contato materno e paterno", diz o chefe da UTI Neonatal do HC, Miyak Mitsuru.

Outros hospitais usam a técnica, aplicada a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) porque diminui os custos com a internação. O método integra as diretrizes de atenção à saúde do Ministério da Saúde desde 2000 e está incluído no Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento. Em Curitiba, as mães carentes que precisam deixar seus bebês internados no HC recebem alimentação no próprio hospital. "É uma forma de incentivá-las a ficar perto dos seus filhos", diz Mitsuru. No Centro Médico Comunitário do Bairro Novo, maternidade da prefeitura, a técnica é aplicada desde 1999, quando os profissionais receberam treinamento.

Os pais são orientados no próprio hospital. O bebê fica entre os seios maternos ou no peito do pai. "Permanecer longe dos pais pode comprometer o vínculo afetivo. Assim como os animais, que diminuem a ligação entre mães e filhotes quando ficam longe, acontece de forma semelhante com o ser humano. Esse é um dos pontos-chave da técnica, pois fortalece o contato e faz com que a família já comece a cuidar da criança ainda na maternidade", explica o médico. Além disso, a técnica favorece o aleitamento materno, já que a mãe deve ir ao hospital todos os dias.

Sueli percebe a aproximação diariamente. "Senti uma melhora enorme nele. Quando está comigo amarrado, pára de chorar, fica quietinho e dorme muito, profundamente. Só estamos esperando ele ganhar peso para irmos para casa", diz a mãe, ansiosa pela alta da criança.

Não existe um tempo limite em que pais e filhos devam permanecer em contato. O importante é que eles sintam prazer em ficarem unidos. De acordo com o médico, o calor humano traz diversos benefícios ao bebê. Para as mães, que sofrem quando recebem alta antes do filho, a técnica ajuda a minimizar o sentimento de perda. "Como ele fica amarrado, uso apenas uma mão para segurar na bundinha e a outra fica livre para fazer carinho nele. É uma alegria imensa, que nem consigo explicar", diz Sueli.

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