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Manifestantes que ocuparam ontem o Instituto Lula, na zona sul de São Paulo, decidiram deixar a sede entidade hoje. Eles se reuniram mais cedo e decidiram desocupar o prédio e se dirigirem à sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), na região central da cidade, para uma reunião.

Ontem um grupo de cerca de 100 agricultores invadiu a sede do instituto para protestar contra o despejo de famílias do assentamento Milton Santos, localizado entre Americana e Cosmópolis (interior de SP). Parte deles passou a noite no local.

Os moradores do assentamento foram notificados por um oficial de Justiça para desocuparem o local onde vivem até o dia 30 deste mês. A área é alvo de disputa judicial.

Segundo representantes do assentamento, o grupo quer fazer com que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva interceda por eles junto à presidente Dilma Rousseff para que assine um decreto de desapropriação por interesse social, para encerrar disputas pela propriedade da área.

Antes de o grupo sair, diretores e funcionários do instituto fizeram uma vistoria no imóvel para verificar se não houve depredação. Após a revista, o grupo deixou o instituto por volta das 14h15.A saída do grupo estava marcada para ocorrer 12h de hoje, mas eles permaneceram no local, o que gerou clima de tensão por alguns instantes.

Diferentemente do que ocorreu ontem, hoje não havia policiais em frente ao prédio do instituto.

"Nós somos pequenos, mas já demonstramos que somos corajosos", afirmou Paulo Albuquerque, porta-voz dos manifestantes. Segundo ele, caso o Incra não encontre uma saída para evitar o despejo dos assentados, eles devem aproveitar a visita da presidente Dilma Rousseff amanhã em São Paulo para protestar.

Incra

A saída do grupo da sede do instituto foi uma das condições impostas pelo Incra para receber os manifestantes. Está marcada uma reunião às 17h na sede do órgão em São Paulo para debater o despejo dos assentados.

O Incra afirma que "vem tomando todas as medidas judiciais pertinentes para comprovar que o domínio do imóvel é público, com o objetivo de suspender a reintegração de posse".

"A proposta do Incra é mais uma manobra para nos enrolar. Essa reunião é para nos enrolar", disse Vandré Aladini Ferreira, advogado do grupo de manifestantes.O ex-ministro Luiz Dulci, diretor do Instituto Lula, afirmou ontem que considera justa a causa dos assentados, mas que o instituto não vai interferir junto ao governo.

"Esperamos que o movimento entenda que, se queria dar visibilidade à causa, talvez já tenha conseguido. Mas o instituto não interfere em decisões de governo. Não só nesta área como em nenhuma outra", disse Dulci.

Além da invasão ao prédio do instituto, os manifestantes também entraram na sede do próprio Incra em São Paulo na semana passada.

Caso

A área do assentamento era de propriedade do grupo Abdalla, mas na década de 70 foi tomada para o pagamento de dívidas com a União.

A fazenda está registrada em nome do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que, em 2005, cedeu a terra ao Incra para o assentamento.

Uma ação da Justiça reconheceu um excesso na cobrança da União sobre o grupo e determinou devolução de bens confiscados acima do devido, incluindo a área do assentamento.

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