São Paulo - A Polícia Civil de São Paulo prendeu ontem nove suspeitos de participar de um esquema de corrupção que pode ter desviado R$ 63 milhões da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo. O esquema envolvia a ONG Associação dos Portadores de Vitiligo e Psoríase do Estado de São Paulo, um médico, dois advogados e funcionários de três laboratórios.
Por meio da emissão de laudos médicos falsos, o grupo entrava com ação na Justiça para forçar o Estado a fornecer medicamentos de alto custo e que estão fora da lista do SUS.
Os remédios cujo custo chegava a cerca de R$ 5 mil cada um eram fornecidos apenas pelos três laboratórios. O dinheiro do lucro era passado na seqüência para os participantes do esquema.
Segundo a polícia, a fraude começava com a ONG, que encaminhava pacientes para o médico Paulo Cesar Ramos, responsável por produzir atestados médicos falsos. Nos atestados, ele afirmava que seus pacientes já haviam utilizado os remédios do SUS, mas que não tinham surtido efeito. Então, ele requeria outros tipos de droga, mais caras.
Em seguida, entravam em ação dois advogados, indicados para entrar com ação na Justiça para que os pacientes recebessem os remédios do Estado. Os medicamentos eram fornecidos apenas pelos laboratórios Mantecorp, Serono e Wyeth. Procurados pela reportagem, representantes dos laboratórios não foram encontrados até o início da noite de ontem.
O lucro decorrente das vendas era depois dividido entre os envolvidos no esquema. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, não há provas da participação dos responsáveis pelos laboratórios na fraude.
O secretário de estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, deixou claro que os pacientes não tinham participação no esquema e que também estavam sendo prejudicados. De acordo com o governador José Serra, três dos 15 pacientes desenvolveram tuberculose devido ao uso indevido dos medicamentos.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, o tratamento desses 15 pacientes custou R$ 900 mil aos cofres públicos. O governador disse acreditar na possibilidade de o esquema ser muito maior, e não se restringir a São Paulo.
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