• Carregando...
Moradores com muitas histórias para contar foram entrevistados para documentário | Karina Sonaglio/ UP Divulgação
Moradores com muitas histórias para contar foram entrevistados para documentário| Foto: Karina Sonaglio/ UP Divulgação

Documentário resgatará história local

"Dia desses um senhor de 102 anos morreu e levou com ele tudo o que sabia sobre a cidade", lamentou a secretária de Educação de Adrianópolis, Antônia Dalva Sanches Dias. A cidade não tem imprensa local – nem jornal, nem rádio – e essa ausência acaba representando falta de registros do que aconteceu por lá nas últimas décadas. Veio, então, a ideia de registrar, em forma de documentário, as memórias dos moradores mais antigos da cidade. Assim, o curso de Jornalismo da Universidade Positivo, que ficou responsável pela gravação, "inaugurou" o projeto em Adrianópolis.

Durante um fim de semana de novembro, 20 pessoas – entre alunos, professores, jornalistas e egressos da instituição – percorreram diversas comunidades de Adrianópolis em busca de histórias que merecem ser contadas. Pelo menos 20 moradores, de várias localidades, foram entrevistados. O filme será finalizado no ano que vem.

Exemplo

O projeto está a cargo do Laboratório de Cidades, comandado pela professora Elisabete Tiemi Arazaki. Primeiro, o grupo também esteve em Maringá, um exemplo de bem-estar econômico e social do Paraná, para identificar as estratégias de sucesso da cidade-canção.

Uma reportagem da Gazeta do Povo, publicada em abril deste ano, sobre a retomada do desenvolvimento em Adrianópolis motivou o Grupo Positivo a escolher o município para receber um projeto de integração social. A cidade, marcada pela contaminação de chumbo há três décadas, tenta se reerguer a partir da construção de uma fábrica de cimento. Outras três cimenteiras estão em processo de licenciamento ambiental para se instalar no local.

A 130 quilômetros da capital e pertencente à Região Metropolitana de Curitiba, a cidade está no Vale do Ribeira, um dos bolsões mais pobres do estado e que concentra boa parte dos menores índices de desenvolvimento humano (IDH) do Paraná. Nos tempos do auge da exploração de chumbo, chegou a ter 15 mil moradores e, no último censo, estava com 6 mil. Agora, com as obras da fábrica, a estimativa é de que esteja com 9 mil e que, até 2020, volte ao patamar de 15 mil habitantes.

Adrianópolis está experimentando os benefícios e os problemas que o progresso traz. A prefeitura tem mais dinheiro, vindo principalmente da arrecadação de Imposto Sobre Serviços (ISS), e precisa saber como aplicar melhor. Não falta emprego. Mas ainda é insuficiente o número de consultas com médicos especialistas e o índice de coleta e tratamento de esgoto é zero. Antes sossegada, quem sabe até demais, Adrianópolis hoje vive uma agitação só. A fábrica de cimento está em fase final de obras e deve começar a operar no início de 2015. Com isso, cerca de 500 caminhões devem passar por dia na sinuosa estrada de acesso à cidade.

Iniciativa

A ideia de adotar a cidade surgiu na recém-lançada Escola de Comunicação e Negócios (ECN), que concentra oito cursos da Universidade Positivo, e logo se espalhou pelos demais cursos de graduação, de tecnologia e de pós-graduação. Também a Editora Positivo decidiu participar da iniciativa, e irá doar, pelo prazo mínimo de dois anos, material didático para 711 crianças de 1 a 10 anos. Além das apostilas e livros, os professores receberão treinamento e acompanhamento.

Vários novos pequenos comércios estão se instalando no município, cenário perfeito para todo tipo de consultoria na área de gestão de negócios. A primeira academia de ginástica acabou de ser inaugurada. Hotéis e pousadas estão se estruturando. De cidade sem restaurante, agora Adrianópolis tem sete – que receberão a visita dos cursos de Nutrição e Gastronomia, com instruções desde cardápio até gestão de estoque. Já o curso de Arquitetura, entre outras atividades, vai revisar o plano diretor da cidade. Lojistas receberão orientações de contabilidade e apresentação das vitrines. Um polo para ensino a distância já está sendo montado na cidade. E muito mais ainda está sendo planejado.

No dia 27 de novembro, os coordenadores de cursos da Universidade Positivo estiveram em Adrianópolis e mais projetos devem surgir. "Nossa intenção é provar o poder transformador da educação. E também dar o exemplo aos jovens de que eles podem mudar a realidade. Não estamos falando de dinheiro, mas de dedicação e tempo. O conhecimento não pode ficar preso dentro do câmpus", comenta Rogério Mainardes, diretor da Escola de Comunicação e Negócios.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]