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Do lado de fora, parte deles se deitou na rua e teve os contornos de seus corpos pintados com tinta, simulando as marcações feitas por peritos em cenas de assassinatos | Reuters / Lunae Parracho
Do lado de fora, parte deles se deitou na rua e teve os contornos de seus corpos pintados com tinta, simulando as marcações feitas por peritos em cenas de assassinatos| Foto: Reuters / Lunae Parracho

A maior parte do grupo de 150 indígenas que invadiu nesta segunda-feira (10) a sede da Funai (Fundação Nacional do Índio), em Brasília, marcharam nesta terça pela Esplanada até Ministério de Minas e Energia.

No começo da tarde, ele saíram da sede da Funai e foram até o ministério. Do lado de fora, parte deles se deitou na rua e teve os contornos de seus corpos pintados com tinta, simulando as marcações feitas por peritos em cenas de assassinatos.

A marcha até o ministério teve como principal alvo de protestos a construção de usinas na Amazônia. Os mundurucus serão afetados por um conjunto de cinco hidrelétricas a serem erguidas no rio Tapajós, no oeste do Pará, e dizem que a Constituição dá a eles poder de veto sobre os projetos.

Mesmo não estando entre os afetados diretos, os índios têm participado, também, das invasões a outra megahidrelétrica já em construção --Belo Monte, no rio Xingu, no Pará, cujo processo de licenciamento, já terminado, também não deu suficiente voz às etnias afetadas, argumentam.

A Funai informou que "formalizou a solicitação, junto ao Ministério da Defesa, para o deslocamento dos indígenas de volta ao seu Estado na quarta-feira [amanhã]".

"Hoje pela manhã, os indígenas não permitiram a entrada dos servidores na Funai. Entretanto, não apresentaram ao órgão pauta específica com reivindicações. Desde as 9h desta terça, a Funai mantêm uma equipe de diálogo [...] a fim de dialogar pacificamente com os indígenas, solicitar a desocupação do prédio e, novamente, os convidar para aguardar o retorno em local adequado."

Na cidade desde a terça-feira da semana passada, o grupo é composto majoritariamente de índios mundurucus, mas conta com pessoas das etnias xipaia, arara e caiapó. Por enquanto, eles irão continuar no prédio, de forma pacífica, com apoio de parte dos funcionários do órgão indigenista.

O governo afirma que vai ouvi-los, mas que as obras sairão mesmo que eles não queiram. O grupo se encontrou com o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) na terça-feira (4), após chegarem num voo da FAB (Força Aérea Brasileira).

Inicialmente, ficaram num hospedaria paga pela pasta. Depois, foram para uma chácara do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), ONG que auxilia os índios.

Reunião

Ontem de manhã foram para nova reunião com Carvalho, mas o encontro não ocorreu. Eles dizem que o ministro quebrou uma promessa e exigiu falar com um grupo de apenas dez pessoas, não com os 150, e por isso não aceitaram a condição. A Secretaria-Geral afirma que eles é que quebraram o acordo de fazer a reunião com um grupo reduzido de índios. Após não serem atendidos, foram para a Funai.

Eles querem voltar para o Pará, mas dizem que a Secretaria-Geral se nega a ajudá-los. Já o ministério diz que disponibilizou um avião da FAB até a última quinta de manhã. Como eles não embarcaram, a responsabilidade pela volta do grupo agora é da Funai, afirmou a pasta. A Funai não se pronunciou por enquanto.

A estadia do grupo em Brasília tem como pano de fundo a principal crise envolvendo a questão indígena no governo Dilma Rousseff.

Os pontos de tensão se concentram, além de nas usinas na Amazônia, no Mato Grosso do Sul, onde um terena foi morto durante reintegração de posse comandada pela Polícia Federal. Depois, outro indígena foi baleado na mesma região. A Força Nacional foi enviada ao local.

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