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Em uma iniciativa inédita no país, 40 guardas civis metropolitanos de São Paulo serão treinados pelo Ministério da Justiça para auxiliar no combate ao tráfico de pessoas de forma operacional e preventiva. Nesta terça-feira (27), na inauguração da Semana de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, o secretário municipal de Segurança Urbana, Ítalo Miranda, apresentou o projeto no centro da cidade.

A Guarda Civil terá treinamento para detectar casos de tráfico de pessoas, em situações como cárcere privado, trabalho escravo e exploração sexual. Dessa forma, mais atentos aos indícios, os guardas poderão ajudar na identificação e denúncia, repassando informações tanto para Ministério Público do Trabalho (MPT) como para a Polícia Federal (PF).

“Os homens da guarda civil serão designados para o centro de formação, onde vão receber instruções de agentes [da Secretaria Nacional de Segurança, do Ministério da Justiça]. Esses 40 guardas serão os multiplicadores”, informou Miranda. A partir da formação desse grupo, com previsão de início na próxima semana, haverá disseminação do conhecimento para o restante da tropa.

O trabalho escravo é uma das finalidades do tráfico de pessoas e, por isso, o MPT está envolvido nas ações dessa semana, que marca o combate a este crime. A procuradora do MPT, Ana Gabriela Oliveira de Paula, explica que, na área urbana das cidades, predominam o trabalho escravo em confecções têxteis e na construção civil. Já na parte rural, o corte de cana é um dos vilões.

Para a procuradora, tão importante quanto as ações de flagrante, no local onde o trabalho escravo ocorre, são as ações preventivas: “Essas atuações são trabalhos de conscientização e qualificação, para esclarecer o trabalhador das condições análogas à de escravo no trabalho”.

“E outra [atuação] é evitar que aquele trabalhador que já foi resgatado uma vez volte àquela situação degradante”, acrescenta Ana Gabriela sobre a necessidade de conscientização para a melhoria nas condições de vida dos trabalhadores.

Mais duas ações, relacionadas ao combate do tráfico de pessoas, foram apresentadas ao público pelo governo municipal: a Gift Box e a iluminação especial azul de monumentos da cidade. A Gift Box, uma grande caixa de presente, está exposta em frente ao Teatro Municipal da capital paulista. O objeto chama a atenção das pessoas e é um convite para que alguém abra e entre. Porém, quando aberta, apresenta uma dura realidade, com imagens e relatos de vítimas do tráfico de pessoas.

Vitor Valentim de Souza, psicólogo, estava passando pela região central e decidiu parar e ver o que havia dentro da Gift Box. “Eu acho que ela tem um aspecto de quebra, de trazer a ideia de um presente e, dentro dele, lidar com uma realidade diferente. Acho que é isso que o pessoal que passa por tráfico de pessoas sofre”, disse. Ele finalizou: “A consciência é a primeira forma de resistência”.

Durante toda a semana, alguns monumentos da cidade receberão iluminação azul, fazendo referência à campanha mundial sobre o tema “Coração Azul”, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU). Entre eles, o Teatro Municipal, o Viaduto do Chá, a Ponte das Bandeiras, a Biblioteca Mário de Andrade, a Estátua do Borba Gato e o Monumento às Bandeiras.

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