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Jeruza Santos, Jhulia Karol e Terezinha Guilhermina comemoram com os guias o pódio triplo do Brasil nos 100 | Buda Mendes / CPB
Jeruza Santos, Jhulia Karol e Terezinha Guilhermina comemoram com os guias o pódio triplo do Brasil nos 100| Foto: Buda Mendes / CPB

Juntos no Rio-2016

A ideia da dupla é permanecer unida nos Jogos Paralímpicos do Brasil, no Rio de Janeiro, em 2016. Se o objetivo se concretizar, as disputas cariocas vão marcar a despedida de Terezinha das pistas.

"Quero o Rio seja a última competição. Pretendo correr com o Guilherme, se ele me suportar, claro", brincou Terezinha. "Vou chegar em grande estilo para festejar as conquistas em casa." Ela completará 38 anos em 2016.

A dificuldade de se fazer uma escolha é motivo suficiente para muitas pessoas perderem o sono. Quanto mais opções, mais difícil parece ser o processo de tomar uma decisão. Guilherme Santana, guia da atleta paralímpica Terezinha Guilhermina, porém, parece ser uma exceção a esse caso. Com ele tudo parece dar certo no final.

A primeira das dúvidas dele não é tão conhecida. Ele começou tarde no atletismo: em 2006, aos 23 anos, logo após começar o curso de educação física no Centro Universitário de Maringá (Cesumar). Foi quando recebeu o convite de Terezinha para treinar como guia. "De início não sabia como ela era grandiosa."

Decidiu arriscar. "No atletismo você se mantém no topo brasileiro ou fica mediano e procura outra coisa. Como vi que não chegaria tão longe [sozinho], aproveitei a oportunidade de ser guia", comentou. Não deu outra. O estilo de corrida dos dois encaixou. "O Guilherme tem um diferencial dos outros guias: ele confia em mim", salientou Terezinha, ouro em Londres nos 100 metros e nos 200 metros da classe T11.

A dupla rendeu 43 ouros em 44 provas disputadas. No entanto, justamente na cena mais famosa dos dois no mundo todo é que a dourada não veio - em mais outra decisão acertada de Guilherme.

Imagem eterna

Terezinha e Guilherme disputavam os 400 metros, classe T12, nas Paralimpíadas de Londres. A classe é para os atletas que não possuem a visão comprometida.

Após metade da prova, a projeção que a dupla havia feito antes dela se concretizou: não disputariam os dois primeiros lugares, mas o bronze seria deles. "Estávamos confiantes, mas quando faltavam 120 metros senti uma forte dor na perna", recordou Guilherme.

Ele não tropeçou. Não escorregou. Não perdeu a passada. Ele simplesmente se atirou no chão. "Quando faltavam 30 metros preferi me jogar", revelou o guia. Solidária ao companheiro, Terezinha também desistiu de continuar sozinha e parou.

"Foi a decisão mais difícil da minha carreira", declarou ele. A escolha de não prosseguir tinha um objetivo. Um objetivo de ouro. "Acho que a decisão foi a mais sábia. Ele não completaria bem a prova", disse Terezinha. A recompensa veio no dia seguinte. Com o recorde mundial nos 100 metros livre, 12s01, a dupla garantiu o ouro em um pódio completamente brasileiro. Jerusa Santos foi prata e Jhulia Karol ficou com o bronze.

O seguimento na prova poderia fazer o guia ter algum tipo de estiramento na perna. A contusão afetaria a disputa pelo ouro na prova em que eram os favoritos. Como forma de se desculpar como a companheira, Guilherme abriu mão da medalha e a entregou de presente para Terezinha.

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