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Nunca as lojas especializadas em material fotográfico de Curitiba haviam vendido tantas máquinas e filmes - coloridos e preto e brancos - até chegar 17 de julho de 1975, dia que caiu neve na capital paranaense. Muitos estabelecimentos tiveram os estoques zerados, naquela que foi a melhor sexta-feira do ano para muita gente. Não faltaram flashs pelas ruas da cidade e o clima de festejo de final de Copa do Mundo tomou conta da cidade. A todo instante chegavam pessoas, inclusive de outros estados, que não queriam perder o acontecimento histórico.

Naquele dia, os termômetros chegaram a marcar –4,8ºC de temperatura. Com isso, não só as lojas de fotografia faturaram, mas também bares e restaurantes. As bebidas alcoólicas foram as mais consumidas pelos curitibanos, com quentão em primeiro lugar. Além do vinho aquecido, cachaça, caipirinha, conhaque e whisky. Na época, comerciantes comentaram que a saída de bebidas alcoólicas foi equivalente a dois dias de vendas. O café também foi bastante consumido naquela sexta-feira.

EuforiaAs ruas do Centro, como a XV de Novembro, por exemplo, viraram palcos de batalhas de bolas de neve. A criançada, de férias, teve distração por todo o dia. Os capôs dos carros viraram base para comportar os bonecos de neve. Os vidros dos veículos, cobertos pelo branco dos flocos de gelo, viraram tela para escrever e desenhar. O último dia útil da semana virou feriado. Teve gente que faltou ao trabalho, afinal chefe nenhum seria insensível a ponto de não perdoar uma falta em um dia tão especial para todos, além do que, os chefes também o curtiram.

Na manhã seguinte não havia mais neve, mas ela era a manchete principal nas bancas e na televisão. A TV Paranaense fez registros em preto e branco de toda a emoção e euforia vivida por quem estava em Curitiba naquele dia. O jornal Gazeta do Povo trazia a manchete: "Neve maravilha curitibanos". Para ilustrar, uma foto no jardim do Castelinho do Batel, antiga sede da TV Paranaense, e outra de um pequeno boneco de neve no teto de um Fusca azul.

Não faltou o comentário do colunista social Dino Almeida, morto em 2001. Em seu relato sobre o dia anterior, Dino Almeida escreveu: "Mas curioso mesmo foi às 11 horas, quando o conhecido homem da publicidade Bataclan, só com uma tanguinha, desfilou pelas ruas da cidade, numa demonstração de pedestrianismo. Os aplausos foram poucos (as mãos estavam nos bolsos), mas os gritos muitos".

As cópias da edição de sábado, 18 de julho, desapareceram das bancas antes das 8 horas. Além desta publicação, foram mais dois dias de destaques para o que ficou conhecido como 'Dia da Neve'. A Gazeta do Povo aproveitou para lançar um concurso, no qual os quatro primeiros lugares foram premiados. O vencedor foi o então candidato a médico Carlos Franco Filho, que na época morava no bairro Jardim das Américas.

47 anos antesCuritiba havia registrado neve 47 anos antes, em 30 de julho de 1928. A edição do dia seguinte da Gazeta do Povo, relatando a nevasca em Curitiba no fim da década de vinte, comenta ainda outras três datas nas quais teria sido registrada neve na capital, porém em intensidade bem menor que 30 anos atrás: 11 de julho de 1887, 12 de julho de 1892 e 2 de setembro de 1912, esta por apenas duas horas e quarenta minutos.

Leia também:Frio e chuva intensos: principais ingredientes da neve

Diversão e boas lembranças no Dia da Neve

Veja as fotos da neve

Veja uma reportagem em vídeo da repórter Dulcinéia Novaes sobre o dia em que nevou em Curitiba, acompanhada de imagens feitas pela TV Paranaense na época.

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