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Avós mantêm intocados brinquedos e roupas de Vivian: esperança é reencontrá-la bem | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Avós mantêm intocados brinquedos e roupas de Vivian: esperança é reencontrá-la bem| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Carência

País precisa de mais delegacias especializadas

Única delegacia do país especializada na investigação de crianças desaparecidas, o Sicride é referência nacional na área. A delegada titular do órgão, Ana Cláudia Machado, foi convidada pela CPI que discute o tema a apontar os problemas e sugerir meios de combater o crime. "Nós propusemos a criação de uma delegacia separada que só investigue os desaparecimentos e mais recursos para a prevenção", explica.

A delegada conta que o Paraná obteve sucesso porque investiu na prevenção. "Quando os outros estados dizem que há pouca verba, pode ser verdade, mas tudo é uma questão de que área se deve priorizar. E seguir o Estatuto da Criança deveria ser prioridade".

"Vozinha, cheguei!". Era essa frase que Marlene Florêncio sempre ouvia quando a neta Vivian, ia visitá-la. "Ela era muito carinhosa. Sempre me trazia flores e falava no diminutivo: vozinha, maninho, maninha", conta Marlene. As demonstrações de carinho cessaram quando Vivian desapareceu com 3 anos, dia 4 de março de 2005, após se encontrar com o pai na Praça Tiradentes. A mãe dela, Maria Emília, buscou-a na creche e foi ao encontro do ex-namorado, o então sargento da PM Edson Prado, para discutir um pagamento de pensão. Cinco dias depois, foi encontrada morta em Campina Grande do Sul. A menina nunca mais foi localizada.

Os avós, Marlene e Luiz Ubaldino, e os irmãos, Evandro, 19, e Vanessa, 15, vivem dias de angústia sem fim por não saber se Vivian foi morta junto com a mãe, ou se está viva em algum lugar do país. "Já procuramos por ela em São José dos Pinhais, Irati, no interior de São Paulo, mas são sempre pistas falsas", conta Luiz Ubaldino. O ex-sargento, condenado pelo assassinato de Maria Emília, nega o encontro com as duas e diz não saber do paradeiro de Vivian. Ele recorreu da sentença e está em liberdade, mas, caso o Tribunal de Justiça mantenha a sentença do Tribunal do Júri, os avós querem que Prado também seja responsabilizado pelo desaparecimento da neta. "Ele se encontrou com elas naquele dia, existem provas, então ele tem de pagar também por esse crime", exige Marlene.

Enquanto não se sabe o que aconteceu com Vivian, os avós mantêm intocados os brinquedos preferidos da menina, assim como muitas roupinhas. O irmão, Evandro, não toca no assunto doloroso. "Ele se fechou depois da morte da mãe. E era muito apegado com a Vivian. Qualquer coisa que ela queria, ele fazia pra ela", conta Marlene. A irmã, Vanessa, encontrou nas palavras uma forma de manter por perto a irmã menor. Escreveu uma carta para Vivian, no dia de seu aniversário, 7 de novembro. Nela, está escrito: "A ‘neguinha’ da minha vida vai crescendo e virando mocinha longe dos meus olhos, mas preste atenção que a qualquer hora estarei cantando ‘Parabéns pra você’". A luta é para que, no próximo ano, Vanessa possa expressar pessoalmente o amor que, agora, só o papel pode testemunhar.

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