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Respostas comentadas do simuladinho de Matemática |
Respostas comentadas do simuladinho de Matemática| Foto:

Um estudo epidemiológico feito por duas pesquisadoras da Universidade Federal do Paraná (UFPR) com 901 crianças, de 0 a 14 anos, atendidas no Hospital de Clínicas (HC), constatou que apenas 20% delas já teve contato com o vírus da hepatite A. O estudo foi feito a partir da análise de exames de sangue na qual se procurou identificar a presença de anticorpos antivírus da hepatite A (anti-HVA). No paciente que já foi infectado, o vírus deixa no organismo uma "cicatriz" que denuncia a presença anterior de infecção. Depois de contaminada, a pessoa fica imunizada contra futuras exposições.

Segundo a pesquisa, a população com melhores condições higiênico-sanitárias poderia estar exposta às formas mais graves da doença. Isso porque a hepatite A costuma ser mais freqüente na infância. Entretanto, com a melhoria da qualidade de vida nas grandes cidades, a ocorrência da doença tem diminuído entre a população infantil. "É um dado preocupante porque embora, na maioria das vezes, a doença se manifeste nos adultos de forma benigna, em alguns casos ela pode ter manifestações sérias, levando ao comprometimento do fígado e até a morte", alerta uma das coordenadoras do estudo, a professora Cristina Cruz.

Para a pesquisadora, que também é presidente do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Paranaense de Pediatria, o atual estilo de vida das crianças nas grandes cidades é um fator que contribui para essa mudança. "Elas passam a maior parte do tempo dentro de casa, não têm mais o hábito de brincar na terra e isso diminui os casos de contaminação", afirma.

Cristina explica que a complexidade da doença depende da idade do paciente. Por ser transmitida via fecal-oral, ou seja, por meio de água e alimentos contaminados ou condições sanitárias precárias, a hepatite A costuma ser mais freqüente em áreas mais pobres.

Os sintomas iniciais geralmente são mal estar generalizado, dores no corpo, dor de cabeça, cansaço fácil, falta de apetite e febre. O paciente pode apresentar ainda icterícia (coloração amarelada), urina escura, fezes claras e coceira pelo corpo. Em geral, os sintomas se atenuam dentro de três semanas, mas a recuperação total se dá em torno de dois meses. Cerca de 70% das crianças com menos de 5 anos desenvolvem a hepatite sem apresentar sintomas e ficam curadas sem sequer saber que tiveram a doença. Já na idade adulta, 70% dos pacientes infectados apresentam sintomas que podem exigir 30 dias ou mais de repouso. Aproximadamente 15% dos casos demandam internações por causa de complicações como mal-estar e desidratação. E em casos raros, (menos de 1%) pode haver hepatite fulminante, na qual há rápida perda da função do fígado, colocando o paciente em risco de morte.

Para a médica gastroenterologista e chefe da seção de Hepatologia do Hospital de Clínicas, Dominique Muzzillo, a constatação da pesquisa levanta a discussão da inclusão futura da vacina no calendário de imunização infantil. "A partir dos resultados do inquérito nacional sobre hepatites que está sendo feito poderemos ter uma noção mais precisa da parcela da população que já está resistente ao vírus", afirma. Atualmente a vacina só é disponibilizada na rede pública para grupos específicos, como portadores de doenças hepáticas, transplantados e hemofílicos. Ela deve ser aplicada em duas doses, a segunda administrada seis meses após a primeira.

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