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Imagem do circuito interno mostra o momento em que Fiúza apanha a arma no closet enquanto segura Elizabeth pelo cabelo | Divulgação/Polícia Civil
Imagem do circuito interno mostra o momento em que Fiúza apanha a arma no closet enquanto segura Elizabeth pelo cabelo| Foto: Divulgação/Polícia Civil

Um levantamento realizado pela Polícia Civil, nesta quinta-feira (1º), revela detalhes da vida noturna do empresário Veríssimo Canalli Fiúza, de 30 anos, que assassinou a própria namorada e, em seguida, cometeu suicídio. Os corpos foram encontrados na noite de terça-feira (30), na mansão do empresário, no bairro Cajuru, em Curitiba. A Delegacia de Homicídios (DH) localizou 17 boletins de ocorrência em que Fiúza aparece como solicitante (como quem acionou a polícia). Os casos dizem respeito a brigas em casas noturnas, acidentes de trânsito na saída de baladas, ameaças de morte e até uma tentativa de despejo.

Segundo a polícia, Fiúza era reconhecido pela relação estreita com empresários da noite – alguns dos quais se tornou sócio – e por uma vida de status, que incluía mansões e carros de luxo. Paralelamente, o empresário se revelava como um homem de personalidade forte e quase sem nenhum contato familiar. Em depoimento à polícia, a mãe do empresário relatou que há 15 mantinha relacionamento distante com o filho.

"Ele era o que se chama de um bad boy. Ele tinha uma vida pública de relações bastante estreitas com a ‘noite’ e, ao mesmo tempo, quase não tinha laços de família. A ponto de, na noite em que os corpos foram encontrados, os próprios primos dele não saberem informar o sobrenome do empresário", definiu o delegado Rubens Recalcatti, chefe da DH.

Para o delegado, o crime foi motivado por ciúmes. Segundo as investigações, o relacionamento de cerca de um ano entre Fiúza e Elizabeth Cristina Pereira, de 25 anos, estava abalado. Na noite em que o crime ocorreu, a moça teria ido à mansão para romper o namoro.

Ocorrências

Os boletins de ocorrência levantados pela DH revelam um histórico de confusões e de uma vida noturna atribulada. Na madrugada de 28 de abril de 2009, um Land Cruiser bateu contra a Mercedes de Fiúza, na saída de uma casa noturna no Batel. No 30 de julho do mesmo ano, ele perdeu o controle do carro, na Avenida Afonso Camargo, e bateu contra um poste. Na ocasião, Fiúza precisou ser hospitalizado.

Pelo menos três boletins de ocorrências dizem respeito a brigas ocorridas dentro de boates ou na saída das casas noturnas. Em 2008, o empresário acionou a polícia porque estaria recebendo ameaças de morte por telefone: ele seria assassinado, caso não repassasse R$ 57 mil ao autor das ligações, que não foi identificado.

Carros de luxo e mansões

Um dos boletins dá indício de que a vida de luxo que Fiúza ostentava não passava de mero status. Em 29 de maio de 2009, ele acionou a polícia porque um advogado e um corretor tentavam despejá-lo de uma mansão no Cajuru. No comunicado, o próprio Fiúza diz que morava no imóvel havia dois anos, mas que os aluguéis estavam atrasados por sete meses.

Há indícios de que as irregularidades também abranjam os carros de luxo do empresário. Segundo o superintendente da DH, Ediu Fernandes, a delegacia vai investigar a aquisição de pelo menos cinco veículos que pertenciam a Fiúza. "Esses carros foram comprados junto a financeiras de forma aparentemente fraudulenta, por meio de ‘laranjas’", disse Ediu.

Dentre os veículos investigados, estão um Mercedes Benz C 200 (que estava na garagem no dia do crime) e um Audi A3 (que Fiúza teria dado a Elizabeth). Outros três carros de luxo também podem ter sido adquiridos de maneira ilegal pelo empresário.

Como as mortes ocorreram

A DH degravou imagens das câmeras de segurança da mansão de Fiúza. As gravações revelam que o empresário chegou à residência às 18h38 de segunda-feira (28) em um Mercedes. Às 21h05, Elizabeth estacionou um Peugeot em frente à casa e entrou. As agressões começaram às 21h22.

Cerca de uma hora depois, Fiúza desce e guarda o Peugeot da namorada na garagem. Ao descer do carro, o empresário dá vários chutes no porta-malas. Às 22h47, ele volta a agredir Elizabeth.

Já na madrugada de terça-feira, às 00h26, ele municia a arma. Pouco depois, ele vai ao closet, manuseia um celular e deixa o anexo batendo a porta com bastante força. Foi a última imagem do empresário gravada pelas câmeras.

Sepultamentos

O corpo de Veríssimo Canalli Fiúza e de Elizabeth Cristina Pereiraforam enterrados na manhã desta quinta-feira. O sepultamento de Elizabeth ocorreu às 10 horas no Cemitério Nossa Senhora do Rosário, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba. O cemitério onde o empresário foi enterrado não foi revelado.

Casa noturna nega participação em sociedade Veríssimo Canalli Fiúza era um conhecido empresário de Curitiba, que já teve negócios em outros empreendimentos na capital. Em 2008, ele era sócio do Cafe de La Musique, junto com o piloto Tarso Marques e o paulista Álvaro Garneiro. Fiúza era conhecido e figura frequente das colunas sociais por ser sócio da Liqüe, casa noturna do Batel. Em comemoração de cinco anos de atividade, o empresário, junto com os demais sócios, esteve presente em festa realizada en junho de 2011.

Procurada, a assessoria de comunicação da casa noturna enviou comunicado à imprensa desmentindo a sociedade. "A Liqüe informa que o senhor Veríssimo Fiúza não fazia parte da sociedade da casa noturna. Lamentamos o ocorrido".

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