• Carregando...

Curitiba – Hoje é comemorado o Dia da Bandeira. Quem tem mais de 30 anos deve recordar dos tempos de escola, quando perfilado cantava o hino e participava do hasteamento da Bandeira Nacional. A cerimônia ocorria uma vez por semana. Ninguém podia andar ou se mexer enquanto o hino era tocado. Uma turma era escolhida para hastear o pavilhão brasileiro. Era um misto de orgulho cívico e felicidade, por demorar mais alguns minutos para entrar na sala de aula. Com o fim do regime militar, o hábito de cantar o hino e hastear a bandeira caiu em desuso.

A maior bandeira do Brasil fica dia e noite hasteada em Brasília, na Praça dos Três Poderes. Ela encarna a soberania nacional e nunca pode ser descerrada. A bandeira tem 14 metros de largura por 20 metros de comprimento. Para ter uma idéia do trabalho, para se confeccionar uma bandeira desse tamanho, o fabricante precisa alugar uma quadra de futsal para alinhavar o tecido e mais dez dias para costurar os panos. Custa cerca de R$ 8 mil. O mastro no qual o "lábaro" fica hasteado tem 100 metros de altura. Por causa do vento e a influência do calor e da chuva, o "pendão" não dura muito. Todo dia 1.º do mês é feita a troca. As bandeiras estragadas são recolhidas e guardadas para serem incineradas no dia 19 de novembro, numa unidade militar, como determina a Lei 5.700, de 1971.

Já a bandeira em frente do Palácio Iguaçu, em Curitiba, é mais modesta. Tem "só" 6 metros de largura por 9 metros de comprimento e custa cerca de R$ 3,5 mil.

Para o sociólogo Lindomar Wessier Boneti, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, a veneração aos símbolos nacionais diminuiu no Brasil por causa da nossa trajetória histórica. "Tivemos no período militar o uso dos símbolos nacionais como uma forma de controle social. Todo símbolo é uma forma de controle, mas existem maneiras mais democráticas. Com o passar dos anos, os brasileiros perderam a confiança no poder público e acabaram rejeitando os nossos símbolos", afirma Boneti.

Um grupo de escoteiros de Curitiba resolveu pesquisar como estava a apresentação e a conservação da Bandeira Nacional na capital e em mais três cidades da Grande Curitiba: Pinhais, Piraquara e Quatro Barras. Segundo o levantamento, das bandeiras hasteadas em sete bairros de Curitiba, 36,5% não cumprem a determinação da lei. O maior problema seria o posicionamento do símbolo nacional, fora dos padrões determinados.

"As pessoas ainda não sabem como posicionar a bandeira. Não sabem o que vai do lado direito ou do lado esquerdo", afirma Silvana Andretti, mestre pioneira do grupo Guardião das Águas, responsável pela pesquisa.

Com a diminuição do hábito de cantar o hino e hastear a bandeira, a maioria dos brasileiros apenas se recorda do pavilhão nacional em grandes eventos. O principal deles é a Copa do Mundo de futebol. Realizado a cada quatro anos, o torneio causa uma febre verde-amarela nos brasileiros. "Todo mundo vira patriota", diz Gilceu Girardi, dono da Bandeiras Símbolo, há 40 anos no ramo. Segundo Girardi, o faturamento da sua empresa dobra durante o período. "Vou pedir para a Fifa organizar o torneio a cada dois anos", brinca.

O comerciante, que fez a vida vendendo bandeiras, diz que não vai fazer nenhuma cerimônia ou participar de algum evento hoje. Ele já presta seu dever cívico diariamente na sua loja, fornecendo a Bandeira Nacional para todo o país.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]