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Policial solta algemas de acusado de matar e abusar de afilhado na cela da Delegacia de Homicídios | João Varella/Gazeta do Povo
Policial solta algemas de acusado de matar e abusar de afilhado na cela da Delegacia de Homicídios| Foto: João Varella/Gazeta do Povo
  • Fagner Ferreira Batista conversou com a imprensa nesta tarde

Um homem acusado de abusar sexualmente e matar por espancamento seu enteado de dois anos de idade na casa da mãe, localizada no bairro Cajuru, em Curitiba, foi preso na quarta-feira (22). O acusado, Fagner Ferreira Batista, de 20 anos, ainda foi autuado em flagrante por tráfico de drogas – foram encontradas mudas de maconha que eram cultivadas pelo rapaz. O suspeito nega as acusações a respeito dos abusos em seu afilhado, mas confirma que cultivava maconha "para consumo próprio".

Enquanto a mãe trabalhava, Batista ficava a maior parte do dia sozinho com a criança. "Fiquei por 20 dias cumprindo aviso prévio em casa", afirma o acusado, que trabalhava como funileiro. Às vezes, recebia a visita de um amigo. Juntos eles consumiriam maconha, estima a polícia. "Ainda não é possível afirmar se o amigo também participava das agressões", relata o delegado Edward Ferraz.

A hipótese trabalhada pela polícia é que a criança tenha sofrido nas mãos de Batista por um mês. "Nos baseamos em um relato de uma vizinha que certa vez foi até a casa perguntar por que a criança gritava. Ele disse que ‘era nada’. Desde esse dia, Fagner começou a ouvir o som no último volume", conta Ferraz, que preside os dois inquéritos que envolvem Batista: um por tráfico de drogas e outro acerca da morte da criança.

Batista não teria deixado a mãe ver a criança quando esta voltou do trabalho na terça-feira (21), segundo as investigações da Delegacia de Homicídios. O Instituto Médico Legal (IML) produz um laudo que pode vir a elucidar essa questão em breve. A mãe declarou à polícia que ao sair para o trabalho na quarta, passou a mão na cabeça da criança e sentiu ela "geladinha", porém foi até o ponto de ônibus, como fazia em seu dia-a-dia. Alguns minutos mais tarde, Batista teria a alcançado correndo e avisado que o menino estava roxo e rígido. No depoimento dado à polícia, a mãe ainda relata ter ido até o Posto de Saúde Trindade buscar socorro. Uma enfermeira foi até a casa do casal, localizada na Rua Maceió, e constatou a morte.

No mesmo dia, no final da tarde, Batista cumpria o protocolo para sacar a guia necessária para retirar o corpo da criança do IML na Delegacia de Homicídios. Avisados pelo próprio IML das lesões no corpo da criança, os policiais da delegacia especializada o detiveram.

"A criança morreu por um traumatismo abdominal importante, que causou hemorragia interna, mas o corpo apresentava diversas lesões de temporalidades diferentes", diz o médico-legista chefe do IML, Carlos Alberto Peixoto Baptista. De acordo com o especialista, o corpo da criança, que deu entrada às 10h30 no IML, apresentava hematomas nas costas, que deveriam ter quatro ou cinco dias, no pescoço, que tinha de dois ou três dias, e na face interna das coxas, com menos de 24 horas. A região do ânus também tinha lesões.

Resposta para tudo

Algemado, Batista foi apresentado à imprensa na tarde desta quinta-feira (23). Ele contou que castigava a criança "de vez em quando" por ela "fazer manha". Sobre o abuso, diz ser "mentira". "Quero um detector de mentiras e todos os exames possíveis. É mentira", enfatiza. A criança já estaria chamando o preso de "papai", ressalta o mesmo.

"Estou há dois dias [na verdade, era menos de 24 horas] com fome, apanhando e sendo acusado dessas coisas", declarou. Segundo ele, os hematomas que tem no rosto são produtos de golpes de policiais. "Pode perguntar para qualquer um que me viu antes de eu vir para cá". A polícia nega a agressão.

Para onde vão

O suspeito, que não tem passagem pela polícia, será encaminhado ao Centro de Triagem de Piraquara, na região metropolitana de Curitiba. Caso confirmada a tese do abuso, Batista pode responder por homicídio qualificado, atentado violento ao pudor e tortura. Ferraz pode pedir a prisão temporária da mãe, que estava envolvida com Batista há um ano e três meses, por ter "sonegado informações importantes". "Depois de muito esforço ela declarou que o rapaz teria dito: ‘eu sei qual é o teu ponto fraco, é o menino’, pista essencial para as investigações", exemplifica o delegado.

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